O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quinta-feira (15) que talvez desista de criar um novo imposto sobre pagamentos. Apesar disso, a ideia continua viva nos planos da equipe econômica.
“Não tem aumento de imposto, não existe aumento de imposto. A mídia, por exemplo, quer desonerar a folha [de salários]. Esse imposto só entraria para desonerar. Talvez nem precise, talvez eu desista”, afirmou em entrevista à CNN Brasil ao sair do Ministério da Economia, sem detalhar a fala.
Na pasta, a declaração foi recebida com surpresa entre interlocutores. Isso porque o plano de um imposto sobre pagamentos nunca saiu dos planos do Ministério e é parte fundamental da reforma tributária imaginada por Guedes.
A declaração foi dada no momento em que o ministro menciona a mídia. Nos bastidores, o ministro tem criticado parte da imprensa por considerar que ela defende a desoneração de 17 setores (medida vetada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que agora aguarda uma decisão do Congresso), mas ao mesmo tempo ataca o novo tributo (que poderia, segundo ele, gerar uma desoneração ampla, a todos os setores).
Apesar da fala desta quinta-feira, o ministro não desistiu da ideia, segundo fontes. Seu plano continua sendo desonerar ao menos parte da tributação sobre salários para todas as empresas. Mas, sem o novo imposto, a medida é considerada impossível atualmente. O imposto já foi apresentado a Bolsonaro e a lideranças políticas e, diante da falta de consenso, não foi adiante. Entre parte dos interlocutores há a visão que, caso o ministro entenda que a ideia é inviável politicamente, de fato não haveria motivo para ficar emperrado nisso e o caminho seria mesmo remodelar a proposta.