sábado, 20 abril 2024

Impactada pela crise, indústria da moda produz máscaras para doação

A crise mundial do coronavírus atingiu em cheio o mundo da moda, assim como os demais setores da economia. É uma indústria que também tem dado sua contribuição para minimizar os impactos da pandemia no sistema de saúde e entre as populações mais vulneráveis. 

As máquinas pararam de produzir roupas e sapatos e passaram a ser utilizadas no esforço de oferecer máscaras essenciais para tentar frear a disseminação do novo vírus. 

O Grupo AMC, que reúne as marcas TritonTufi DuekColcci e Fórum, comprometeu-se a confeccionar 100 mil unidades para serem distribuídas nas comunidades mais carentes das cidades onde tem suas fábricas. 

A Vicunha também se engajou no movimento e está entregando 27 mil unidades para as secretarias de Saúde do Ceará e do Rio Grande do Norte. 

No Rio Grande do Sul, a Arezzo mobilizou sua rede de fornecedores de tecidos e mais de 12 fábricas, que cederam seus maquinários, para a produção de 25 mil máscaras a serem distribuídas pela Secretaria de Saúde de Campo Bom, em Novo Hamburgo, e pela Secretaria de Saúde do estado. As grifes de moda praia Água de Coco e Lenny também se uniram ao esforço. 

“A Água de Coco parou suas atividades, mas decidiu voltar. Por um bom motivo. Vamos levar mais cor e esperança aos brasileiros.” É o que mostra o vídeo da fábrica retomando a produção para entregar 10 mil máscaras em verde e amarelo, conclamando todos também a ajudar na prevenção do coronavírus e fazer a sua parte. 

Também em vídeo postado no Instagram, a estilista Lenny Niemeyer anunciou uma pausa na quarentena para produzir 4.800 máscaras. “Estamos disponibilizando parceiros e funcionários para produzir com nossos tecidos máscaras de proteção que não atendem a médicos e a parte hospitalar, mas que evitam a contaminação por gotículas para quem precisa sair de casa.” 

Idealizador e diretor criativo da São Paulo Fashion Week -maior evento de moda do país-, Paulo Borges tem usado sua conta pessoal no Instagram para divulgar essas ações, que já somam mais de 160 mil máscaras a serem doadas, e influenciar outras pessoas e empresas a fazerem o mesmo. 

“Percebi que meu canal pessoal era um lugar para colocar todos esses movimentos, incentivando negócios que me seguem e pessoas que gostam de moda, fazendo-os entender que cada um pode fazer sua parte”, afirma Borges, que acredita que o brasileiro tenha a solidariedade presente em sua identidade. 

Para o diretor criativo da SPFW, é o momento de reforçar os elos da cadeia produtiva e criativa do setor e desenvolver esse caráter solidário em conjunto. Foi por isso que, antes mesmo de ser decretado o fechamento dos serviços não essenciais no Brasil, a produção da semana de moda decidiu cancelar a programação de abril. 

Por serem considerados aglomerações, eventos do ramo em todo o mundo estão sendo cancelados -como as Semanas de Moda Masculina e de Alta-Costura de Paris- ou adaptados para plataformas online -como o desfile da coleção outono-inverno 2021 da grife italiana Giorgio Armani durante a Semana de Moda de Milão. 

No Brasil, o setor de Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios registrou queda de 11,1% no mês de março. Com a rápida expansão da doença pelo mundo, medidas de isolamento social para prevenção obrigaram varejistas a fecharem suas lojas e fábricas a suspenderem a produção. 

No entanto, as iniciativas de doações da moda se multiplicam e ultrapassam as marcas e nomes que desfilam na SPFW. 

O estilista Lino Villaventura, por exemplo, doou três toneladas de alimentos para pessoas em situação de rua. No Polo de Juraia, produtor mineiro de lingeries, a meta é chegar à produção de 1 milhão de máscaras. Já a Hering doará 6.800 uniformes completos de proteção para instituições de saúde. 

“Agora é o momento de pensar no outro, nas necessidades imediatas”, afirma. “É o que todos estão fazendo, cada um da sua forma e com seu alcance.” 

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