sexta-feira, 3 maio 2024

Inflação, Bolsa, Selic e os preços

Por Rogério Araújo 

Desde o início do ano, vínhamos acompanhando notícias otimistas da Bolsa de Valores do Brasil, com desempenho interessante no pós-pandemia: mesmo com a guerra da Ucrânia, as sanções impostas à Rússia e os recentes conflitos entre o Executivo e o Judiciário brasileiro, o fechamento acumulado em 2022 ainda segue positivo.

Em contraste a isso, vemos uma aceleração da inflação, com um crescimento ainda pífio da produção industrial. O aumento do preço do petróleo causado pela guerra encareceu a cadeia produtiva e veio parar na mesa do brasileiro, causando redução da demanda e consequente impacto na produção dos bens de consumo.

Como o principal remédio para a inflação é o aumento dos juros básicos, essa alta atraiu os investidores internacionais, que buscam sempre os mercados que pagam mais pelo uso de seu dinheiro. Por consequência, a Bolsa subiu e o real se valorizou frente ao dólar.

Os indicadores de inflação vêm surpreendendo negativamente o mercado, inclusive o próprio Banco Central, refletindo a constante alta do petróleo. Nos últimos dias, o preço internacional teve queda, com base na projeção de contração mundial da economia feita pelo FMI, devido aos impactos das sanções à Rússia, que causará uma diminuição no consumo de energia e matérias-primas, como o ferro. Uma possível diminuição na demanda na China, devido a lockdowns, também contribui para esse cenário.

Esse arrefecimento na alta do petróleo pode trazer um alívio no ciclo inflacionário e também na taxa de juros no Brasil, pois uma é atrelada à outra. A previsão do Banco Central era de chegar a 12,75%, mas viu a inflação persistir, mesmo com a alta na taxa nos últimos meses. Com essa nova previsão em relação ao petróleo e possível estabilização nos números inflacionários, o remédio poderá ficar na mesma dose prevista inicialmente, encerrando o ciclo de alta.

A perspectiva de constantes altas nos juros americanos até o final do ano com previsão de bater em 3,5% o movimento de investidores se alterou recentemente, já que os papéis dos Estados Unidos passaram a ser bem mais atrativos que os de outros mercados.

Nos últimos dias a Bolsa brasileira também sofreu os impactos das incertezas mundiais, com queda principalmente nos setores de petróleo e mineração. Além da guerra na Ucrânia, o avanço da Covid-19 na China, com ameaça de novo lockdown, também refletiu negativamente nos mercados. E para pior, o recente embate entre o governo federal e o STF deixou o mercado financeiro em pânico. Abril já acumula uma queda de 9,27%.

Mas as projeções para os papéis na B3 continuam relativamente otimistas, podendo retomar em breve o bom desempenho que tem tido no ano, a depender das providências tomadas em relação à China e à guerra na Ucrânia.

Para o investidor, o momento é de cautela, procurando sempre diversificar sua carteira entre renda fixa, que tem oferecido bom retorno devido à alta da Selic, e renda variável, seguindo sempre a orientação de consultores especializados em mercado de ações.

Para o bolso dos brasileiros, resta a esperança na desaceleração do preço do petróleo, conforme as novas previsões, para a inflação poder ficar dentro das metas estabelecidas e o orçamento doméstico parar de sofrer com as surpresas a cada ida ao supermercado. 

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