quinta-feira, 25 abril 2024

Juiz Sergio Moro está reunido com Bolsonaro no Rio de Janeiro

Sergio Moro, está no Rio de Janeiro em uma reunião com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). O tema da pauta é o juiz da Operação Lava Jato assumir o Ministério da Justiça. Munido de um livro sobre medidas contra a corrupção, ele embarcou cedo em Curitiba, hoje, para a cidade maravilhosa, onde chegou por volta de 7h30 e deixou o aeroporto escoltado pela Polícia Federal. “Há uma possibilidade [de aceitar o convite]. Mas, como eu disse, é tudo muito prematuro”, afirmou a um grupo de jornalistas que embarcaram no voo até aeroporto Santos Dumont.

Questionado sobre um eventual impacto negativo à Operação Lava Jato caso aceite o convite para fazer parte do governo, Moro disse que a situação ainda é prematura, e acrescentou: “Acho surpreendente falar que não se deve nem conversar com um presidente que acabou de ser eleito por mais de 50 milhões de brasileiros”, disse. “Não tem problema nenhum [em encontrar com Bolsonaro].”

O juiz respondeu ainda sobre questionamentos da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à sua eventual parcialidade para julgar processos contra o petista. “Sobre isso, se houver alguma alegação será respondido nos autos”, afirmou.

Segundo o magistrado — que se notabilizou pela condenação de políticos e empresários acusados de corrupção, como o ex-presidente Lula—, ele diz que o convite traz a chance de “implantar uma agenda importante para o país, observada a Constituição e os direitos fundamentais”.

“O país precisa de uma agenda anticorrupção e uma agenda anti crime organizado. Se houver a possibilidade de uma implantação dessa agenda, convergência de ideias, como isso vai ser feito…”, disse.  Ele não quis detalhar quais seriam os principais tópicos dessa agenda, nem se já conversara a respeito com o presidente eleito ou algum emissário. “Vou ficar devendo novas declarações”, afirmou.

Durante o voo, Moro lia uma compilação das propostas da campanha “Unidos contra a corrupção”, que propôs neste ano um conjunto de medidas sugeridas por especialistas, e foi encampada também pela força-tarefa da Lava Jato.
O livro foi editado pela Transparência Internacional e pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e é uma contraposição à proposta da força-tarefa da Lava Jato, sintetizada no projeto de lei chamado Dez Medidas contra a Corrupção.

A escola de Direito da FGV e a Transparência Internacional consultaram mais de uma centena de especialistas no país por considerar que as Dez Medidas contêm equívocos e ilegalidades. O resultado dessa consulta é um projeto que prevê 70 medidas para combater a corrupção.

O juiz recusou pedidos de fotos com passageiros, à exceção de uma criança. Também não houve manifestações contrárias nem favoráveis ao juiz.

Bolsonaro pretende oferecer ao juiz uma superpasta da Justiça, que uniria as estruturas de Justiça, Segurança Pública, Controladoria-Geral da União e Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que hoje é ligado ao Ministério da Fazenda. Moro chegou  a casa de Bolsonaro, às 9 horas e evitou falar com a imprensa depois de desembarcar no Rio de Janeiro.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também