Dezenas de libaneses se reuniram nesta quinta-feira (6) perto da entrada do Parlamento, em Beirute, para protestar contra o governo, dois dias após a megaexplosão no porto da cidade, que deixou ao menos 145 mortos e 5.000 feridos (números de ontem à noite).
Forças de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes do local – que ainda tem escombros do incidente de terça (4) – depois que eles queimaram objetos, vandalizaram lojas e atiraram pedras contra os agentes, relatou o jornal britânicoThe Guardian.
A explosão é mais um dos motivos de insatisfação dos libaneses com o governo e ocorre menos de um ano de uma série de protestos desencadeados por uma proposta de tributar chamadas de voz feitas por aplicativos.
Os atos, que começaram em outubro de 2019, culminaram na renúncia do então premiê, Saad Hariri, no fim daquele mês.
O Líbano passa por sua pior crise econômica desde a guerra civil (1975-1990).
Atualmente, é um dos países mais endividados do mundo: o crescimento econômico foi dificultado por conflitos e instabilidade regionais.
O desemprego entre pessoas com menos de 35 anos chega a 37%.
Os libaneses sofrem com a escassez crônica de água e eletricidade, e mais de um quarto da população vive abaixo da linha de pobreza.
MACRON
O presidente da França, Emmanuel Macron, foi o primeiro chefe de Estado a visitar o Líbano, depois da grande explosão. Nesta quinta, ao chegar a Beirute, o líder francês se posicionou como um articulador para organizar a cooperação internacional enviada ao país, mas defendeu a necessidade de reformas políticas e econômicas no Líbano e pediu que o país reforce o combate à corrupção.
“A prioridade hoje é ajuda, apoio incondicional à população. Mas há reformas indispensáveis em certos setores que a França exige há meses, anos”, disse Macron. “Não podemos fazê-las sem apontar algumas verdades inconvenientes. Se essas reformas não forem feitas, o Líbano continuará a afundar.”
O governo da França, antiga potência colonial que administrou o Líbano no início do século 20, começou a enviar assistência médica e profissional a Beirute no dia seguinte à explosão. “Quero organizar a cooperação europeia e, mais amplamente, a cooperação internacional”, disse Macron.
Além da França, países como Alemanha, Rússia, Austrália, Qatar e Irã -rival histórico do Líbano- enviaram profissionais de saúde, hospitais de campanha e toneladas de suprimentos, além de equipes especializadas em busca e salvamento.