O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), avaliou nesta terça-feira (25) que o presidente Jair Bolsonaro está em seu pior momento de governo e que, por isso, as pesquisas refletem a desvantagem em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o qual vê em seu melhor momento.
O próprio Bolsonaro se referiu a seu principal adversário político na manhã desta terça e, irritado com uma apoiadora na saída do Palácio da Alvorada, respondeu: “Quem não tá contente comigo tem Lula em 22 aí”.
Lira participou da 22ª edição da CEO Conference Brasil, do banco BTG Pactual, na manhã desta terça. Segundo o deputado, as pesquisas que foram divulgadas até agora são um “retrato do momento”.
A última pesquisa Datafolha, divulgada em 12 de maio, mostrou Lula à frente de Bolsonaro, com 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% do atual presidente. Num eventual segundo turno contra Bolsonaro, Lula levaria ampla vantagem, com uma margem de 55% a 32%.
“Nós estamos numa complicação de vacina, numa ausência que passou-se três meses sem o auxílio emergencial, com a população mais carente privada. Então, na minha visão, rapidamente, o presidente Bolsonaro está no seu pior momento e o candidato e ex-presidente Lula está em seu melhor momento.”
Para Lira, fazer uma análise de quem vai estar melhor ou pior daqui a um ano é muito relativo.
“Acho que as coisas têm que andar na sua normalidade. Acho que é normal de todo mundo discutir quem vai ser o próximo governante no Brasil, mas eu penso ainda que é momento de nós trabalharmos para estruturarmos o nosso país para qualquer um que ganhe a eleição tenha melhores condições de governar do que no momento.”
O presidente da Câmara também disse não acreditar em terceira via no país para a disputa ao Planalto do ano que vem.
“Não houve [terceira via] desde 1989”, afirmou. “A terceira via ela chega ali…o mais próximo que ela chegou foi, se eu não me engano, numa eleição da Marina [Silva] numa eleição e na outra ela já dissolveu como candidata, chegando atrás, inclusive, daquele ex-deputado Daciolo.”
“Nessa eleição, com a polarização que existe, eu não acredito que vá haver terceira via, porque os dois vão convergir ao centro, e o centro vai escolher qual o melhor dos dois para governar em 2022.”
Lira afirmou que a polarização que existe hoje é a mesma que existiu durante muitos anos entre PSDB e PT. “E nem por isso a gente falava de extremismos”, afirmou.
“A gente tem que afastar essa ideia de que o Brasil vive de extremos. A polarização existe hoje e eu creio que por parte do PT, que ainda faz a polarização e do governo que ocupou o lugar do PSDB.”
O deputado também comentou a possibilidade de Bolsonaro migrar para seu partido, o PP. “Esses assuntos partidários eu deixo sempre para o presidente Ciro [Nogueira], para não ter conflito de instâncias”, disse.
Mais cedo, Bolsonaro também abordou o tema e disse não ver hora de decidir o partido. “Mas não é decisão minha né?”, disse o presidente a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada.
Respondendo ao comentário de um simpatizante, Bolsonaro disse: “O partido sendo meu eu aceito a indicação tua. Ninguém quer entregar o osso aí par a gente. Querem entregar só o casco do boi”.
Ele também disse que o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) é “um bom nome” para concorrer a um cargo eletivo no Rio Grande do Norte, mas que não sabe se seu auxiliar “vai disputar alguma coisa”.
Por último, Bolsonaro voltou a levantar a possibilidade de o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) se candidatar para o Governo de São Paulo no ano que vem. “Tarcísio está pensando em ser governador de São Paulo. Eu acho que leva em São Paulo”, disse.
Ainda na CEO Conference Brasil, Lira avaliou que o ministro Edson Fachin (STF) acertou ao anular as condenações de Lula. “Eu deixei claro que houve excessos na Lava Jato”, disse. “Eu não sei, e ainda hoje tenho quase que certeza que o ex-juiz [Sergio] Moro, num país mais duro, teria uma pena muito rígida.”
“Os erros que foram cometidos de parcialidade são inadmissíveis para uma Justiça que tem a obrigação de ser parcial, que tem a obrigação de manter o direito de defesa, o direito do estado democrático intocáveis no Brasil e em qualquer parte do mundo.”
O presidente da Câmara também defendeu o voto impresso auditável, como consta em uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) analisada em comissão especial na Câmara. Segundo ele, poderia haver uma amostragem de até 10% de urnas escolhidas aleatoriamente.
“Muito pior do que isso, é ter um resultado de eleição questionado”, afirmou, ressaltando não ter “notícia de fraude, de erro, de qualquer fato grave” que desqualifique o atual mecanismo.