Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Sarney (MDB) tiveram um encontro em Brasília na manhã desta quinta-feira (6), pouco mais de uma semana depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter tentado uma aproximação com o emedebista.
A reunião entre Lula e Sarney já era esperada, mas só foi informada pela equipe do petista no fim da tarde, horas depois de ter acontecido, quando uma foto dos dois ex-presidentes foi publicada nas redes sociais. Sarney proibiu seus assessores de dar informações sobre o encontro.
“O [ex-]presidente [Lula] queria vê-lo, também a dona Marly [esposa de Sarney], então, foi fazer uma visita. O [ex-]presidente Sarney tem um grande carinho pelo [ex-]presidente Lula, um grande respeito, e é recíproco também”, disse a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Na semana passada, quando a CPI da Covid foi instalada no Senado, Bolsonaro procurou Sarney, encontro que não apareceu na agenda oficial do atual ocupante do Palácio do Planalto e foi articulado pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
A reunião entre Bolsonaro e Sarney se deu em um momento em que o governo está acuado por causa da comissão, que tem como relator um outro emedebista, Renan Calheiros (AL).
“[A visita de Lula] não tem nada a ver com a visita de Bolsonaro. [O encontro] já estava pensado pelo [ex-]presidente Lula em, vindo a Brasília, fazer uma visita ao ex-presidente Sarney, que, aliás, sempre foi solidário com o [ex-]presidente durante todo esse tempo aí que ele lutou para denunciar o processo de injustiça, da prisão dele, o processo de Sergio Moro”, disse Gleisi.
Lula está em Brasília desde a última segunda-feira (3), em uma série de encontros políticos e diplomáticos. A maioria das reuniões acontece no “bunker” que Lula montou em um hotel na região central da capital federal. Nesta sexta (7), ele ainda deve receber a bancada petista do DF.
Esta é a primeira vez que Lula vai a Brasília desde que retomou seus direitos políticos.
Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta quarta-feira (5), o petista se lançou numa ofensiva para as eleições de 2022 que avança sobre aliados de Bolsonaro.
Lula recebeu o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, na quarta. No dia seguinte, havia previsão de um encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), eleito com a ajuda de Bolsonaro, mas os dois acabaram não se encontrando.
Ao longo desta quinta, além do encontro com Sarney, Lula recebeu no hotel em que está hospedado os embaixadores de África do Sul, Grécia, Argentina, Cuba e Venezuela. À noite, ele foi à embaixada do Reino Unido. No início da semana, havia ido à representação da Alemanha.
Havia expectativa de um encontro com a embaixada da Rússia, mas, em meio às negociações com o governo brasileiro para aprovação da vacina Sputnik V contra a Covid, a reunião não ocorreu.
Além de nomes do PT, embaixadores, Kassab e Sarney, Lula conversou ao longo da semana com os senadores Fabiano Contarato (Rede-ES), Kátia Abreu (PP-TO), Jader Barbalho (MDB-PA) e Weverton Rocha (PDT-MA), os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), Marcelo Ramos (PL-AM), Alessandro Molon (PSB-RJ), Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE).
Além de articulações políticas para 2022, em especial no Rio de Janeiro, onde há tentativa de se estruturar uma frente ampla para enfrentar o candidato bolsonarista ao governo do estado, colégio eleitoral do atual presidente, Lula também procurou criar no Congresso um ambiente favorável ao aumento do valor do auxílio emergencial para R$ 600 até o fim da pandemia.
No ano passado, foram cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300. Foram gastos R$ 293 bilhões para atender 67,9 milhões de pessoas.
Em abril deste ano, o governo começou a pagar quatro parcelas de R$ 150, R$ 250 ou R$ 375. O governo prevê um gasto de R$ 44 bilhões para atender 45,6 milhões de pessoas.