O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (6) um projeto que prevê ampliar a oferta de testes também para casos leves por meio instalação de unidades no modelo de drive-thru em capitais e cidades acima de 500 mil habitantes.
O modelo prevê ainda ampliar a análise de 2.700 testes para 70 mil testes por dia em laboratórios vinculados. A ampliação deve ocorrer entre os meses de junho, julho e agosto.
“Não vamos fazer 70 mil sistematicamente, estamos organizando uma rampa acompanhamento para o período de maior necessidade”, diz o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira.
Segundo ele, a ideia é, em junho, o país tenha capacidade de processar 16 mil testes por dia em laboratório da Fiocruz, 5 mil no Instituto de Biologia Molecular do Paraná e até 50 mil por dia em parceria com rede privada.
Apesar do anúncio de ampliação da testagem, o ministério frisa que a oferta não deve atingir a todos, mas ocorrer com base em critérios específicos. A pasta estima que até 22% da população seja testada no país ao longo dos próximos meses.
As medidas devem fazer parte de dois programas de testagem: Confirma Covid-19 e Testa Brasil.
O primeiro será voltado para oferta de testes PCR, que verifica o material genético e usa amostras coletadas do nariz e garganta. O segundo, com testes sorológicos, que verificam a presença de anticorpos contra a doença com base em uma pequena amostra de sangue.
Considerado mais preciso, o teste que usa a técnica PCR deve ser usado nos primeiros dias de sintomas. Já o teste rápido, somente após o 8º dia ou para saber quantas pessoas já tiveram contato com o vírus, por meio de pesquisas.
Segundo Oliveira, a diferença na escolha dos testes ocorrerá de acordo com o tempo dos sintomas, mas a ideia é priorizar a oferta de testes PCR devido ao risco de resultado falso-negativos nos testes rápidos. A ideia é que o primeiro seja indicado para o início dos sintomas e o segundo, após o 8º dia (quando aumenta a chance de detectar a presença de anticorpos, mas ainda com risco de falhas).
Atualmente, o ministério orienta que sejam testados pacientes com quadro respiratório grave internados em hospitais e uma parte das amostras de pacientes com quadro gripal atendidos em unidades sentinelas. Em geral, cada uma coleta uma amostra por dia.
Com a ampliação, a ideia é que sejam coletadas amostras de todos os pacientes com quadro de síndrome gripal atendidos nestas unidades (hoje são 222) e em postos volantes instalados em capitais e cidades acima de 500 mil habitantes.
“É como Brasília está fazendo com drive-thru [em que pessoas com sintomas agendam atendimento e vão até centros de coleta]. Todas as cidades com mais de 500 mil habitantes terão unidades de coleta. Entre 24 e 96h, terá o resultado no celular”, diz.
Atualmente, o país tem cerca de 100 mil testes que aguardam processamento e análise, diz Oliveira. De acordo com o secretário, a ideia é levar essas amostras para centros montados em parceria com a rede privada a partir de 25 de maio, na tentativa de zerar a fila.
Nos últimos meses, parte dessas medidas já haviam sido anunciadas, mas ainda não tinham sido implementadas, o que tem gerado críticas pelo atraso na oferta.
Oliveira admite que há dificuldades na oferta de testes no país. Uma delas, afirma, é a dificuldade na obtenção de insumos, o que levou a mudança no cronograma, e de swab, instrumento usado na coleta de amostras das visas respiratórias.
A proposta do ministério considera a oferta de 46 milhões de testes no país. Deste total, porém, apenas 5,1 milhões foram entregues até agora, entre testes rápidos e PCR –o equivalente a 11% do total.
No caso dos testes PCR, a previsão é de entrega de 4 milhões de testes em junho, 4 milhões em julho, 3,2 milhões em agosto e o restante nos meses seguintes. A pasta não informou o cronograma completo.
Oliveira admite, porém, que o prazo ainda pode mudar e que não há certeza nos números. “Essa oferta está condicionada à oferta de insumos no mercado”, avalia.