domingo, 13 julho 2025

Morador do Alemão faz vaquinha para consertar carro com mais de 100 tiros

O carro fazia parte do ganha pão da família, que trabalhava fazendo o transporte de encomendas e entregas 

Temos o carro há quatro anos, e só há cinco meses acabamos de pagar, relembra a proprietária (Foto: Reprodução)

Uma semana após a operação com 17 mortos no Complexo do Alemão, que gerou repercussão no Brasil e no mundo, moradores da favela enfrentam problemas como falta de energia elétrica.

Em localidades como Grota, Fazendinha, Nova Brasília e Loteamento, dezenas de casas estão perfuradas por balas. Um morador da Alvorada teve o carro atingido por mais de uma centena de tiros durante o confronto entre policiais e bandidos e criou uma vaquinha virtual para consertar o veículo, que é usado para fazer entrega e transporte escolar.

Carro atingido por mais de 100 tiros

O autônomo Luiz Antônio de Souza Fernandes, 51 anos, e a dona de casa Katia Cristina da Silva Fernandes, de 40 anos, que nascerem e cresceram na localidade conhecida como Alvorada, têm um outro problema. O carro, que eles acabaram de pagar há cinco meses, foi totalmente perfurado no tiroteio. O casal tem três filhos.

– Quando vim aqui, encontrei o meu ganha pão dessa forma, todo perfurado. Infelizmente, é o carro que usávamos para fazer trabalhos. Fazemos entregas e agora estamos nessa situação. (Estou) totalmente impotente. Como vou reaver isso? É uma sensação de impotência. A tristeza é forte – desabafou o homem ao jornal Voz das Comunidades.

Katia conta que há mais de dois anos não havia operações na região e, por isso, eles não se preocupavam na segurança do carro, que estava estacionado em um espaço alugado:

– Não temos estacionamento porque moramos em um beco. O carro ficava em um espaço alugado, porque trabalhamos com transporte de encomendas, entregas e ficava mais fácil sair de onde ele estava. Há mais de dois anos não tinha operação, não sabíamos o que era isso. Não imaginávamos que tendo tiroteio ali iriam furar o carro. (Naquele dia) Às 5h30 ouvimos muitos tiros, helicópteros. Até então, não tínhamos pensado no carro. Horas depois, às 9h30, recebi uma ligação de um amigo dizendo que o meu carro estava uma peneira.

Ela lembra que o casal enfrentou dificuldades para quitar as prestações do veículo: 

– Temos o carro há quatro anos, e só há cinco meses acabamos de pagar. Teve a pandemia, renegociamos as dívidas, paguei tudo direitinho. A gente trabalhava com ele e agora o carro ficou destruído. Foram mais de 100 tiros. O reboque levou para o mecânico, e a gente não sabe se vai funcionar. Estão destruídos fiação, bateria, módulo, o reservatório de óleo. O mecânico disse que vai avaliar se pegou no motor. Mas ele já adiantou que vai sair muito caro o reparo. Não temos dinheiro para isso. Furaram todos os bancos, painel. Por isso, resolvemos fazer uma vaquinha para tentar fazer um reparo – conta.

O link para ajudar é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/conserto-de-um-veiculo-de-trabalho. Outra forma de ajudar é fazendo doações por PIX em nome de Kelly Cristina Fernandes. A chave é o celular (21 98557-6889) e conta no Banco Itaú.

Com informações OGLOBO.

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