No início da tarde desta segunda, as equipes do Corpo de Bombeiros localizaram mais três vítimas sem vida sob os escombros após deslizamento de terra em Franco da Rocha
As fortes chuvas que atingem São Paulo já causaram 24 mortes desde sexta-feira (28). Segundo a Defesa Civil, há oito crianças entre as vítimas. Os alagamentos e deslizamentos de terra deixaram cerca de 660 famílias desabrigadas ou desalojadas.
No início da tarde desta segunda, as equipes do Corpo de Bombeiros localizaram mais três vítimas sem vida sob os escombros após deslizamento de terra em Franco da Rocha. Segundo o tenente-coronel dos Bombeiros Alessandro da Silva, que trabalha no resgate, os corpos ainda não foram retirados do local.
Com mais essas vítimas, foram contabilizadas oito mortes em Franco da Rocha, quatro em Francisco Morato, três em Embu das Artes, uma em Arujá, (todas na Grande SP), cinco mortes em Várzea Paulista (54 km de SP), uma em Jaú (287 km de SP) e uma em Ribeirão Preto (313 km de SP), segundo a Defesa Civil Estadual.
Na noite de ontem, um bebê com três meses de vida morreu num deslizamento de terra, em Itapevi, na Grande São Paulo, por volta das 22h desde domingo (30). A casa em que a família do bebê estava foi atingida por lama vinda de uma encosta. Ele e a mãe, de 27 anos, foram resgatados, mas a criança morreu no hospital.
Em Várzea Paulista, os mortos são da mesma família -um casal, um bebê de um ano e duas crianças, de 10 e 12 anos; em Embu das Artes, as chuvas causaram a morte de uma mulher de 45 anos e dois filhos -um homem de 21 anos e uma menina de 4.
Na cidade de Francisco Morato, três crianças e um adulto morreram em dois soterramentos nos bairros Jardim Arpoador e Recanto Feliz.
Em Arujá, um homem com 59 anos morreu afogado após o carro em que estava cair em uma galeria de vazão de água.
Em Jaú, um homem com 61 anos morreu afogado ser levado pela correnteza; em Ribeirão Preto, um rapaz com 57 anos foi levado pela enxurrada.
O acumulado de chuvas desde sexta-feira provocou deslizamentos de terra, transbordamento de rios e córregos, deixou cidades alagadas e rodovias interditadas. Franco da Rocha foi uma das cidades mais afetadas pelas chuvas em São Paulo.
Em deslizamento de terra na rua São Carlos, oito pessoas morreram e seis foram resgatadas com vida. Equipes dos bombeiros, da Defesa Civil e dos serviços de saúde fazem buscas no local, mas a instabilidade da encosta exige que o trabalho seja feito manualmente. A prefeitura estima que ainda existam desaparecidos no local.
Segundo a administração municipal, 15 imóveis foram atingidos.
A Prefeitura de Franco da Rocha chegou a alertar a população na noite deste domingo que a represa Paiva Castro atingiu 78,7% da capacidade, considerado o limite da cota de segurança. Com isso, existe a possibilidade de abertura das comportas, o que causaria mais alagamentos na região.
Às 6h09 desta segunda-feira (31), no entanto, a prefeitura informou que, com a diminuição da chuva na madrugada, a manobra de abertura da repressão não precisou ser realizada até o momento.
Segundo o governo do estado, serão liberados R$ 15 milhões para dez municípios mais prejudicados pelas chuvas.
“Os recursos anunciados serão destinados aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2 milhões), Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhões), na Região Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo Limpo Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão), Montemor (R$ 1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado”, diz trecho de nota enviada pela gestão estadual.
Em entrevista coletiva em Franco da Rocha, Doria cobrou ajuda federal. “O governo federal tem responsabilidade também e deve ser solidário, tem obrigação de oferecer apoio, não apenas com manifestações, mas com recursos e equipes.
Em resposta ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) se pronunciou nas redes sociais e condenou o uso político da tragédia.
Segundo o órgão, desde as primeiras horas, a Defesa Civil Nacional está em contato com a defesa civil do estado de São Paulo, seguindo os protocolos técnicos de alerta, amparo e assistência às regiões afetadas pelas chuvas.
De acordo com a nota, no domingo (30), o ministro Rogério Marinho telefonou para os prefeitos de Várzea Paulista, Embu das Artes, Francisco Morato e Franco da Rocha para assegurar apoio aos municípios e a disponibilização de recursos.
Nesta segunda-feira (31), o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, viajará para São Paulo a fim de dar celeridade à assistência aos municípios.
“Causa estranheza as declarações do governador João Dória que parece desconhecer a natureza técnica do trabalho deste ministério, que não se pauta pela política eleitoral. Até o momento, não foi recebida nenhuma solicitação de recursos do estado ou dos municípios de São Paulo por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Portanto, o MDR não só condena o uso político da tragédia, como espera que o governador atue no levantamento e cadastramento dos danos no sistema para que o governo federal apoie as regiões conforme prevê a legislação”, diz parte da nota.
O MDR afirma que garantiu cerca de R$ 188 milhões para as localidades afetadas pelos temporais -R$ 140 milhões para a Bahia e R$ 48 milhões, para Minas Gerais, estados em situação mais crítica.
Na tarde desta segunda (31), o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), lamentou as mortes causadas pelas chuvas e prometeu vir a São Paulo nesta semana para visitar as áreas atingidas.
Entre as medidas, Bolsonaro solicitou o apoio da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) para a doação de alimentos às vítimas e orientou os municípios atingidos a decretarem estado de calamidade e contatarem o MDR para que seja liberado o FGTS num prazo rápido.
“Temos recursos para essa emergência. Estão sendo levantadas a profundidade e a extensão do que aconteceu para colaborarmos com os nossos irmãos de São Paulo”, afirmou.
“Todos que quiserem colaborar, estamos à disposição. É nosso dever como homens públicos colaborar com qualquer brasileiro, em qualquer parte do nosso território, levar conforto e também uma maneira de diminuir a dor. Sabemos que há muitas mortes e lamento o que aconteceu, mas o estado, o Brasil vai fazer a sua parte”, concluiu Bolsonaro.