quarta-feira, 22 janeiro 2025

Mulheres muçulmanas são ‘leiloadas’ online na Índia por extremistas de direita

Grupos hindus ameaçaram sequestra-las e vende-las como escravas sexuais 

Os muçulmanos da Índia sofrem constantes ataques de nacionalistas hindus – Reprodução

Afreen Fatima, 22, ainda está muito assustada para sair de casa depois que descobriu que estava sendo leiloada online com outras mulheres muçulmanas por ativistas de extrema direita hindus — eles também ameaçaram sequestrá-la e vendê-la como escrava sexual.

“Não consigo dormir de pensar que eles podem me atacar na vida real”, diz ela. Fatima recebeu um telefonema de uma amiga depois da meia-noite em 4 de julho, informando-lhe que suas fotos particulares e links para seus perfis em redes sociais tinham sido publicados no site Sulli Deals sem seu consentimento.

“Fiquei enojada. E não conseguia entender o que estava acontecendo.” Naquele dia, mais de 90 mulheres muçulmanas, incluindo estudantes, ativistas e jornalistas, foram “leiloadas online”, provocando indignação entre a comunidade muçulmana.

Os homens hindus de direita tinham criado um projeto comunitário na plataforma GitHub, onde qualquer pessoa podia conseguir o “Sulli Deal” do dia. “Sulli” é um termo pejorativo usado para mulheres muçulmanas na Índia.

Quando um usuário selecionava a opção “negócio do dia” na tela de abertura, ela exibia a foto de uma mulher. Antes que fosse derrubado, o site já funcionava havia 20 dias e tinha divulgado fotos dessas mulheres e links para seus perfis em redes sociais.

Depois de semanas de indignação, cobertura na mídia e parlamentares pedindo a ação da polícia, nenhuma prisão tinha sido feita. Enquanto dois boletins de ocorrência foram feitos —em Uttar Pradesh e Déli—, três vítimas disseram que não souberam se foram registrados boletins contra suas queixas.

“Certamente os especialistas em crime cibernético da polícia de Déli podem localizar digitalmente quem cometeu a ofensa”, disse a advogada Vrinda Grover, que representa algumas das vítimas. “A polícia de Déli deve ser capaz de rastrear casos desse tipo. Se não estão fazendo isso, o que podemos pensar?”

Desde que o Partido Bharatiya Janata (Partido do Povo Indiano) chegou ao poder, em 2014, os muçulmanos da Índia sofrem constantes ataques de nacionalistas hindus. Grande parte do ódio é promovido por grupos ou indivíduos próximos ao governo do primeiro-ministro Narendra Modi.

As populações muçulmanas mais vulneráveis estão em estados governados pelo PBJ, que presenciaram ataques de nacionalistas de direita hindus sem uma intervenção efetiva da polícia.

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