quinta-feira, 14 novembro 2024

O que é o tecovirimat, remédio que o Brasil vai comprar para tratar pacientes com varíola do macaco

Medicamento foi aprovado por órgão regulador para eventual ameaça biológica de varíola humana 

Medicamento foi desenvolvido como estratégia para eventual ameaça biológica (Foto: Divulgação)

Após a primeira morte por varíola do macaco (monekeypox) no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o país vai comprar um medicamento que pode ser usado em pacientes com risco de evoluir para quadros graves. 

O princípio ativo tecovirimat (nome comercial Tpoxx), foi aprovado pela FDA (Administração de Medicamentos e Alimentos) dos Estados Unidos em 2018 para tratamento de varíola humana, doença que, embora erradicada em todo o mundo, permanece como ameaça de ser usada como arma biológica. 

Trata-se de um antiviral desenvolvido estrategicamente, mas que nunca teve a eficácia testada em humanos, já que o vírus da varíola não circula mais há décadas. 

“A eficácia do Tpoxx contra a varíola foi estabelecida por estudos realizados em animais infectados com vírus que estão intimamente relacionados com o vírus que causa a varíola e baseou-se na medição da sobrevivência no final dos estudos. Mais animais tratados com Tpoxx sobreviveram em comparação com os animais tratados com placebo”, diz a FDA em nota. 

Os testes que envolveram humanos foram apenas para atestar a segurança. Ao todo, 359 voluntários saudáveis, sem infecção por varíola, participaram do estudo.

“Os efeitos colaterais mais frequentemente relatados foram dor de cabeça, náusea e dor abdominal”, acrescenta a FDA. 

Uso para varíola do macaco

Os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) ressaltam que, naquele país, o tecovirimat pode ser usado em pacientes infectados por ortopoxvírus (mesma família), mas um “protocolo de Novo Medicamento Investigacional de Acesso Expandido”. 

A modalidade permite, em determinados casos, “tratamento empírico primário ou precoce de infecções por ortopoxvírus não varíola, incluindo varíola do macaco, em adultos e crianças de todas as idades”. 

Com base nisso, os CDC entendem que os seguintes pacientes infectados pelo vírus monkeypox são elegíveis para o tratamento com tecovirimat.

• Indivíduos com doença grave (por exemplo, doença hemorrágica, lesões confluentes, sepse, encefalite ou outras condições que requerem hospitalização).
• Indivíduos em alto risco de doença grave (transplantados, com doença autoimune ou imunodeficiência).
• Populações pediátricas, particularmente pacientes com menos de oito anos de idade.
• Mulheres grávidas ou que estejam amamentando.
• Pessoas com história ou presença de dermatite atópica, pessoas com outras condições esfoliativas ativas da pele (por exemplo, doença de Darier [ceratose folicular]).
• Pessoas com uma ou mais complicações (por exemplo, infecção bacteriana secundária da pele; gastroenterite com náusea/vômito grave, diarreia ou desidratação; broncopneumonia; doença concomitante ou outras comorbidades).
• Pacientes com infecções aberrantes envolvendo inoculação acidental do vírus nos olhos, boca ou outras áreas anatômicas onde a infecção pelo vírus, monkeypox pode constituir um risco especial (por exemplo, genitais ou ânus). 

A agência de saúde estadunidense acrescenta que o uso do tecovirimat pode encurtar a duração da doença e a disseminação viral. Assim como as vacinas contra o vírus monkeypox, o antiviral será adquirido pelo Brasil por meio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).

No entanto, ainda não foi informada a data em que os medicamentos chegarão ao país. 

As primeiras vacinas devem estar disponíveis a partir de setembro, mas em quantitativos limitados. O governo não planeja imunização em massa contra a varíola do macaco.

Via R7

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