O padre Edson Adélio Tagliaferro, da Paróquia Nossa Senhora das Dores, de Artur Nogueira, ganhou notoriedade após dizer que o presidente da República, Jair Bolsonaro, “não vale nada” e chamá-lo de “bandido”, em comentário feito durante homilia no dia 2 de julho.
A fala, feita durante a transmissão de uma missa, repercutiu nas redes sociais e levou a Diocese de Limeira a soltar uma nota de esclarecimento nesta segunda-feira (6), dizendo que o padre se arrependeu do que disse.
Durante a transmissão de uma missa, o padre afirmou que o povo não gosta de ouvir que o governo não presta. Ele fez o desabafo ao comentar a falta de um ministro da Saúde da área para combater a pandemia do novo coronavírus.
“Um país que já chegou a 60 mil mortes pela pandemia e não temos um ministro da Saúde. Vocês querem que eu fale o quê? Aquilo que todos falam: ele não trabalha porque não deixam ele trabalhar… Não, é porque ele não presta… Bolsonaro não vale nada. E quem votou nele tem que se confessar. Pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu um bandido pra por de presidente”, afirmou o padre em um vídeo que está circulando nas redes sociais e nos canais de vídeo.
Em nota, o bispo diocesano dom José Roberto Fortes Palau comentou o assunto. “Infelizmente, uma parte da homilia proferida durante a celebração do dia 2 de julho último, que foi transmitida, como exige o momento, por diversos meios de comunicação, ganhou repercussão midiática pelo uso de palavras inadequadas em sua referência ao Exmo. Sr. Presidente da República. Padre Edson Adélio Tagliaferro reconheceu que se excedeu em suas palavras e pede desculpas ao Exmo. Sr. Presidente da República e a todos que se sentiram de algum modo atingidos”, traz trecho da nota.
O bispo ainda esclareceu que qualquer opinião pessoal e isolada de membro do presbitério diocesano em relação a fatos e personagens da política nacional não representa a posição da Diocese de Limeira, que só se manifesta oficialmente através do bispo.
E reforçou que a igreja “não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político”, seguindo a Mensagem da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), aprovada na 56ª Assembleia Geral em 19 de abril de 2018.
A nota não faz qualquer menção à punição do padre. Apenas informa que o sacerdote é presbítero incardinado da Diocese e exerce o sacerdócio há 25 anos “de maneira íntegra e diligente em favor do povo de Deus que lhe foi confiado”.
RETRANCA
‘Nunca quis pregar ódio’, afirma padre
“Foi tudo muito confuso, acabou esparramando demais. Uns elogiando, outros criticando a fala. Algumas pessoas acham eu que falei contra o presidente porque sou de outro partido. A minha questão é que o cristão tem que fazer uma opção clara pelo reino da vida, e não da morte”, declarou o padre Edson Adélio Tagliaferro, ao comentar a repercussão de sua fala.
“Entenderam que eu estava criticando por ser bolsonarista. Na verdade, era pra mostrar que o cristão não pode ser dúbio”, afirma o padre.
“O fato de ele sair à rua sem máscara. O fato de ele querer aglomerações.”
Tagliafierro diz ter ficado impressionado com a repercussão do vídeo. “A minha grande preocupação é que isso saia de forma distorcida e possa ter um vínculo de ódio. Não é essa a minha intenção. Nunca quis pregar ódio, a violência, mas senti que o povo estava desesperado”, afirma.
“O que está pegando é de eu ter chamado ele de bandido. Disso eu me arrependo, porque não tenho provas”, afirma o padre.
E continua: “Ele [Bolsonaro] fala de Deus acima de todos, mas não é o Deus de Jesus, porque o Deus de Jesus é o que prega pela vida.”