quarta-feira, 14 maio 2025

País registra o maior número de bebês sem o nome do pai na certidão desde 2018

Os dados, levantados pelos Cartórios de Registro Civil do Brasil (Arpen) mostram que, no primeiro semestre deste ano, nasceram 1.313.088 bebês e, destes, 86.610 não têm o nome do pai nos documento

Mesmo com a queda da natalidade, aumenta a legião de mães solo (Foto: DIvulgação)

O mesmo Brasil que discute o direito ao aborto garantido por lei a meninas estupradas, tema que ganhou repercussão com a recente história da gravidez de uma criança de 11 anos no Sul, registra o maior número de bebês sem o nome do pai na certidão desde o primeiro semestre de 2018.

Os dados, levantados pelos Cartórios de Registro Civil do Brasil (Arpen) mostram que, no primeiro semestre deste ano, nasceram 1.313.088 bebês e, destes, 86.610 não têm o nome do pai nos documento. No mesmo período de 2018, foram 1.452.161 recém-nascidos, dos quais 78.798 ficaram sem o nome do pai. O total de registros monoparentais cresceu 1,2% em cinco anos, sobretudo pela negligência dos homens.

A constatação ganha ainda mais relevância quando se observa que 2022 teve, entre janeiro e junho, o menor número de nascimentos dos últimos quatro anos. Mesmo com a queda da natalidade, aumenta a legião de mães solo.

Sem ter apoio para cuidar de seu recém-nascido e com dificuldade de conseguir emprego, C., de 34 anos, que não se identifica porque também foi vítima de violência doméstica, sente o peso da solidão na maternidade. Após ter sido agredida ainda grávida e saído de casa, ela só teve como opção registrar o filho, hoje com 3 anos, apenas em seu nome, e criá-lo sozinha. Acolhida na casa de amigos em Niterói, C. conta que o pai da criança nunca mais procurou por ela ou pelo filho. Até hoje, o ex-companheiro não conhece a criança.

“Eu optei por não colocar o nome pela minha paz e pela paz do meu filho. É muito chato quando perguntam por que meu filho não tem o nome do pai. Sempre me olham como se eu tivesse feito a escolha errada do parceiro, e não que ele tivesse errado ao não assumir o próprio filho” diz C., que não chegou a pedir uma medida protetiva por temer que o processo fosse demorado e dispendioso.

Na série histórica de janeiro a junho, o número de crianças sem o registro paterno só se aproxima das estatísticas de 2019, que eram as piores até o início deste ano. Naquele ano, 84.480 bebês, de um total de 1.464.025 nascimentos, foram registrados apenas no nome da mãe. Em 2020, foram 77.863 crianças sem o pai na certidão e, em 2021, 82.203 recém-nascidos nessas condições.

Com informações OGLOBO. 

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