Candidato à presidência do Brasil, Guilherme Boulos (PSOL) afirma que a existência de ocupações é reflexo dos privilégios mantidos pelos governos aos mais afortunados. Em agenda na cidade de Campinas, anteontem, o presidenciável concedeu entrevistas, realizou panfletagem e caminhada pela região central da cidade e participou de uma sabatina do MCTP (Movimento pela Ciência e Tecnologia Pública) na Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp).
Essa foi a segunda visita do presidenciável à RMC (Região Metropolitana de Campinas) neste ano. Em junho, ainda como pré-candidato, Boulos esteve na ocupação Vila Soma, em Sumaré, e participou de uma coletiva na Câmara de Sumaré.
Questionado sobre a imagem negativa que é atribuída às ocupações, especialmente através de memes de internet, Boulos afirmou que sua campanha visa “desmistificar” essa percepção. O candidato atribui a situação à desigualdade social.
“Um dos objetivos da minha campanha é desmistificar e falar a verdade sobre as ocupações. Temos no Brasil seis milhões de famílias sem casa, em pleno 2018, e ao mesmo tempo mais de sete milhões de imóveis abandonados. É mais casa sem gente do que gente sem casa. Essa é a realidade do País. Enquanto muita gente trabalha duro, tem juiz e deputado que recebe R$ 4 mil de auxílio moradia tendo casa própria”, criticou Boulos, em entrevista por telefone ao TODODIA.
Na última segunda-feira, no programa de rádio “Pânico na Jovem Pan”, o candidato à presidência Henrique Meirelles (MDB), disse que Boulos poderia inventar o slogan “Sua Casa, Minha Vida”, em alusão à militância do candidato do PSOL junto aos movimentos por moradia. Os candidatos trocaram farpas durante debate no último domingo na TV Gazeta, quando Boulos ironizou o slogan da campanha de Meirelles. “Você tem como slogan ‘Chama o Meirelles’. Eu não vou chamar, eu vou taxar o Meirelles”, disse Boulos no debate.
O candidato de esquerda criticou a declaração de Meirelles. “O que mais me choca na frase do Meirelles é o desrespeito pela luta de quem batalha para ter moradia, a quem luta para pagar o aluguel no fim do mês ou para colocar comida na mesa. (…) O movimento social existe exatamente porque o direito à moradia não é garantido para as pessoas. Ocupação existe porque os governos mantêm privilégios. Isso que precisamos mostrar para o povo brasileiro”, argumentou Boulos.