Luz de tablets e celulares por mais de 2 horas oferece perigo para crianças. O uso de tablets, smartphones e computadores por mais de duas horas seguidas afeta o relógio biológico e causa SVC (Síndrome Visual do Computador), caracterizada por olhos secos e visão turva.
A alta exposição aos dispositivos móveis ainda pode fazer surgir – ou aumentar – a miopia. Os riscos são maiores em crianças, mas o problema também pode afetar adultos em qualquer idade. Mãe de duas meninas de 2 e 4 anos, a psicóloga Mirscha Grissel, 36, relata efeitos também no comportamento das filhas.
Segundo pesquisa recente do Google, os brasileiros gastam, em média, nove horas diárias navegando na internet – ultrapassando, inclusive, o experiente de trabalho, que é de oito horas por dia. Outro estudo conduzido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por coordenar e integrar as iniciativas relacionadas ao uso e funcionamento da Internet no país, foi mais específico na faixa etária: 80% da população do Brasil entre 9 e 17 anos utilizam a rede.
Deixar as crianças em frente às telas, vendo desenhos ou jogando videogame, pode prejudicar a qualidade do sono e a saúde ocular, de acordo com oftalmologista Monica Cunha Signorelli, do Centro Campineiro de Microcirurgia Signorelli Oftalmologia.
Isso acontece porque as telas iluminadas desses dispositivos emitem o comprimento de onda de luz azul nociva, a mesma onda liberada pela iluminação artificial, que transmitem frequência luminosa parecida com a que recebemos ao meio-dia.
Esse tipo de exposição pode causar confusão em nosso relógio biológico. “Quando acende a lâmpada ou a tela do celular no meio da madrugada, o organismo passa a entender que é hora de despertar”, explicou Monica.
Há ainda o risco de desenvolver a SVC (Síndrome Visual do Computador). Os problemas podem se manifestar em qualquer idade e, entre os sintomas, estão a sensação de olho seco pela redução do movimento de piscar; diminuição da produção da lágrima que mantém a umidade ocular e a visão de imagens mal definidas, borradas ou em duplicidade.
“A baixa lubrificação ocular causa ardência, coceira e vermelhidão. Ocorre ainda o lacrimejamento, reflexo para compensar o ressecamento. Piscamos até 60% menos quando estamos em frenteà da tela do computador”, ressaltou a especialista.
Peso nas pálpebras, dor de cabeça frequente causada pelo esforço visual e dor nas costas agravadas pela má postura são outros sintomas de alerta para o problema.
MIOPIA
Segundo a Academia Americana de Oftalmologia, em 2050, metade da população mundial será míope. Além da hereditariedade, muitos oftalmopediatras apontam que o uso prolongado do computador e da TV na infância e adolescência contribui para o desenvolvimento da miopia.
“Os músculos internos dos olhos atuam como um zoom para a captura da imagem. Este movimento é repetitivo e continuado. Como os efeitos da exposição à luz azul são cumulativos e aceleram o envelhecimento dos tecidos oculares, aumenta o risco de ter DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade) e o surgimento precoce de catarata”, alertou.
MUDANÇA NO COMPORTAMENTO PODE VIR A PARTIR DO EXEMPLO DADE
Não são apenas a visão e o sono os impactados pela exposição excessiva às telas. A mudança no comportamento das crianças é a principal causa para que a psicóloga Mirscha Grissel adote a distância entre suas filhas e os celulares.
“Na minha experiência, se você permite um pouco vira um vício, eu já tive momentos de permitir um pouco e depois ter que parar de fato pois começa sair do controle. A gente tem que ser bem firme com o que pensa porque a criança vai querer e vai chorar, e normalmente nós pais não aguentamos ver as crianças chorando desse jeito”, afirmou.
Os reflexos nas filhas de 4 e 2 anos, principalmente na mais velha, surgem rapidamente, de acordo com ela. “Se um dia a gente permitiu brincar com o celular ou assistir vídeo no celular, no dia seguinte ela já acorda pedindo, às vezes até exigindo. Percebo que as birras aumentam quando ela acabou de usar o celular”, ilustrou.
A psicóloga defende que os pais eduquem seus filhos não através das palavras, mas pelas ações. “A gente tem que dar o exemplo. Se eu falo ‘Não, filha, não fica no celular’, a gente também não tem que ficar no celular. Para nós também é viciante. Se nós estamos com o celular o dia todo, (eles vêem que) a mamãe e o papai estão no celular então é normal, é bom”.