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sexta-feira, 11 abril 2025

Pesquisa aponta falta de termômetros e proteção para tratar Covid-19 no SUS

Porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde), os serviços de atenção primária têm sofrido com falta de equipamentos básicos para o atendimento de infectados com a Covid-19, segundo pesquisa realizada com os profissionais da saúde. Eles relatam ausência de termômetros, testes para detectar o novo coronavírus e itens de proteção para quem trabalha em UBSs (unidades básicas de saúde). 

A reportagem teve acesso aos resultados preliminares da pesquisa realizada pela USP (Universidade de São Paulo), UFBA (Universidade Federal da Bahia), UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em iniciativa da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e com apoio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). 

Entre os cerca de 2.200 entrevistados, espalhados por 750 municípios em todos os estados do Brasil, 83% relatam não ter ou ter em número insuficiente termômetros de infravermelho nas UBSs (unidades básicas de saúde), item primordial para aferir a temperatura do paciente sem precisar manter contato com a pele dele. 

Faltam ainda outros itens fundamentais para lidar com casos suspeitos de Covid-19, como oxímetros, para averiguar a oxigenação de doentes, indisponível ou disponível em volume insuficiente na avaliação de 65% dos profissionais, além de medicamentos para síndrome gripal e cilindros de oxigênio, em baixa ou nenhuma quantidade para 60% e 67%, respectivamente. 

Os trabalhadores reclamam ainda sobre a escassez de EPIs (equipamentos de proteção individual), como aventais impermeáveis (43% não têm ou têm em número insuficiente), protetores faciais com visor (37%) e máscaras descartáveis de proteção respiratória N95 ou similares (45%). 

A situação pode ser mais grave em cidades do interior, que concentram mais da metade dos casos de Covid-19. Muitas contam apenas com UBSs para atendimento. 

“Os gestores dos municípios citam a dificuldade de comprar esses insumos. Não foi algo tão fácil por conta do processo de distribuição”, explica Bousquat, que destaca o empenho dos profissionais até em aplicar recursos pessoais. 

Segundo ela, 70% dos entrevistados afirmam usar o próprio celular para fazer acompanhamento à distância de pacientes e familiares, seja por WhatsApp, chamada de vídeo ou telefonema. 

“As pessoas estão usando seus recursos pessoais, o que, por um lado, é muito bonito: mesmo com todos esses desafios, os profissionais do SUS estão comprometidos com a saúde da população.” 

O questionário que baseia a pesquisa (https://apscovidsus.pro.br/) ainda seguirá disponível até a próxima segunda-feira (29). A coordenadora do estudo afirma, no entanto, que as respostas obtidas até aqui já são significativas para averiguar a situação do atendimento primário. 

Outro fator evidenciado pelo levantamento é a falta de recursos para testagem nas UBSs: 70% dos entrevistados dizem não ter ou ter em volume insuficiente acesso a testes RT-PCR, indicados para a detecção do vírus em pacientes sintomáticos. Também faltam testes rápidos, segundo 80% dos profissionais. 

O dado corrobora protocolo anterior do Ministério da Saúde, que orientava apenas a aplicação de exames em casos graves, que exigiram internação. Nesta quarta (24), a pasta anunciou que passará a testar também pacientes com sintoma leves em centros de atendimento à Covid-19 –UBSs poderão se credenciar como tal. 

“Hoje a testagem é concentrada em 100% de casos internados. Pensando na população, no avanço da doença e na oportunidade de testar pessoas no interior do país, estamos expandindo essa testagem”, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, na ocasião. 

Bousquat diz que a estratégia utilizada até então é falha, uma vez que levar a testagem também à atenção básica proporcionaria um retrato mais amplo e menos defasado da pandemia. Além disso, os agentes comunitários teriam embasamento técnico para rastrear doentes e isolar contatos, o que, somado aos cuidados de pacientes, ajudaria a controlar a Covid-19. 

A pesquisadora cita a atuação exitosa de Portugal nesse sentido, que intensificou os trabalhos dos centros de saúde; no Brasil, segundo ela, a pesquisa elucidou outros bons exemplos, como Florianópolis (SC), entre as capitais, e a modesta Rurópolis (PA), com 50 mil habitantes. 

“Algumas experiências no mundo –de outras epidemias, como foi o caso do ebola– demonstram que ter o serviço de atenção primária funcionando é algo que diminui a propagação do vírus, porque você consegue controlar e isolar os contatos, e alguns casos não precisam chegar ao hospital”, diz. 

Segunda ela, a atenção das autoridades dada aos hospitais de referência, que concentram casos graves, é fundamental, mas deve se estender ao atendimento primário, também sob risco de colapso e responsável, ainda, por vacinação, assistência a doentes crônicos e gestantes, entre outros serviços. 

“Imagine se a gente para, por exemplo, de fazer pré-natal, se não conseguimos fazer isso, imagine o problema que vai acontecer lá na frente”, questiona. 

Uma vez concluído, o estudo deve propor a criação de um kit-UBS, com insumos pra serem distribuídos para as unidades básicas. 

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde e pediu a posição do governo federal sobre o que foi apontado pelos profissionais de saúde na pesquisa. Até a publicação da reportagem, não houve retorno. 

 
Por Paulo Batistella

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