sexta-feira, 22 novembro 2024

Bolsonaro sugere que, sem voto impresso, pode não disputar eleições de 2022

Bolsonaro defende a adoção de um sistema de voto impresso nas eleições de 2022, sob o argumento de que as urnas eletrônicas seriam passíveis de fraude, mas nunca apresentou provas para embasar a acusação

A bandeira levantada pelo mandatário é rechaçada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e por diversos líderes partidários ( Foto: Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugeriu nesta segunda-feira (19) que pode não participar das eleições do ano que vem -embora ele próprio já tenha indicado que pretende disputar um segundo mandato. Aliados também dizem que Bolsonaro planeja disputar a reeleição.

“Eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar a eleição, né? Se eu disputar, eu entrego a faixa para qualquer um. Uma eleição limpa”, disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada, uma semana após escalada golpista nas declarações do mandatário.

A fala do presidente nesta segunda foi transmitida por um site bolsonarista. “Agora, participar de uma eleição com essa urna eletrônica… Alguns falam: ‘Ah, o Bolsonaro foi reeleito tantas vezes com o voto eletrônico’.”

Bolsonaro defende a adoção de um sistema de voto impresso nas eleições de 2022, sob o argumento de que as urnas eletrônicas seriam passíveis de fraude. Ele nunca apresentou provas para embasar a acusação.

A bandeira levantada pelo mandatário é rechaçada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e por diversos líderes partidários. De acordo com críticos, o discurso bolsonarista de que as urnas não seriam seguras pode abrir brecha para que Bolsonaro conteste o resultado das eleições, caso não seja reeleito.

Nesta segunda, o presidente voltou à carga e declarou que a ausência da modalidade do voto impresso na disputa de 2022 -chamado por ele de eleição auditável- configuraria uma fraude.

“As mesmas pessoas que tiraram o [ex-presidente] Lula da cadeia e [o] tornaram elegível vão contar os votos dentro do TSE de forma secreta. As mesmas pessoas”, disse Bolsonaro a apoiadores.

“O pessoal diz que eu estou ofendendo o ministro [e presidente do TSE, Luís Roberto] Barroso. Não estou ofendendo, estou mostrando a realidade.”

Pesquisas de opinião indicam favoritismo de Lula nas eleições de 2022. Nas últimas semanas, Bolsonaro disparou ameaças contra o processo eleitoral brasileiro e insultou Barroso, a quem chamou de imbecil e idiota.

Em 8 de julho, o presidente declarou: “Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”.

No dia seguinte, ele também sugeriu que só passaria a faixa presidencial para um sucessor no sistema do voto impresso.

“Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem”, disse.

Dias depois, após reunião com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, Bolsonaro baixou o tom, contemporizou e tentou justificar sua ameaça.

“O não tem eleição é porque vai ser algo fraudado, eleição existe quando as coisas são sérias”, disse.

Apesar de Bolsonaro ter sugerido nesta segunda que pode não disputar o pleito de 2022, ele mesmo já deu declarações indicando que vai se apresentar. Ainda em 2019, ele já dava declarações nesse sentido.

“Meu muito obrigado a quem votou e a quem não votou em mim também. Lá na frente todos votarão, tenho certeza disso”, disse Bolsonaro em 20 de junho de 2019, em Eldorado (SP).

No mesmo dia, ele disse que poderia desistir da reeleição caso fosse aprovada uma reforma política.

“Olha, se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caldeirão, jogar fora a possibilidade de reeleição. Posso jogar fora isso aí. Agora, se não tiver uma boa reforma política e se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos.”

Mais recentemente, Bolsonaro também fez falas sobre a intenção de concorrer de novo à Presidência. Em 7 de julho, afirmou que pode não aceitar o resultado.

“Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se este método continuar aí, sem, inclusive, a contagem pública, eles vão ter problemas. Porque algum lado pode não aceitar o resultado. Este algum lado, obviamente, é o nosso lado, pode não aceitar o resultado”, disse em entrevista à rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul.

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