A Pittsburgh Public Safety, que reúne instituições de segurança, disse que quatro pessoas levemente feridas foram levadas a um hospital
Uma ponte em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, desabou nesta sexta (28), horas antes de o presidente dos EUA, Joe Biden, visitar a cidade para falar sobre projetos de infraestrutura de seu governo. A Pittsburgh Public Safety, que reúne instituições de segurança, disse que quatro pessoas levemente feridas foram levadas a um hospital. As autoridades agora verificam se há vítimas sob a construção colapsada. Segundo a KDKA, afiliada da rede CBS, outras seis pessoas também tiveram ferimentos leves.
A ponte que desabou foi uma das 44 mil estruturas classificadas pelo Departamento de Transportes americano como em más condições, em inventário nacional recente. De acordo com o prefeito da cidade, o democrata Ed Gainey, ela foi inspecionada em setembro. Erguida em 1970, a ponte transporta por dia mais de 14 mil veículos.
Os motivos para a queda, que teria ocorrido por volta das 6h no horário local (8h em Brasília), ainda são desconhecidos. A Pittsburgh Public Safety, porém, informou haver “um forte cheiro de gás natural na área”, o que fez com que as autoridades interrompessem o fornecimento de gás e esvaziassem casas próximas. Espera-se que mais detalhes sejam divulgados em uma entrevista coletiva, ainda sem horário definido. O Conselho Nacional de Segurança no Transporte, órgão federal responsável por investigar acidentes de trânsito, anunciou que vai apurar as circunstâncias do desabamento.
Em fotos que circulam em redes sociais, é possível ver ao menos cinco veículos na cena do acidente. Um deles, que parece ser um ônibus, está bem próximo da borda rachada da ponte. O colapso ocorre no mesmo dia em que Biden visita Pittsburgh para discutir infraestrutura, além de cadeias de suprimentos e manufatura. Como parte de sua viagem, o democrata irá a uma antiga siderúrgica que virou polo de pesquisa e desenvolvimento, parte do acordo de infraestrutura aprovado pelo Congresso em novembro.
Visivelmente emocionado, Biden examinou os danos junto a autoridades locais e aproveitou as declarações dadas no local para reforçar a urgência de reconstruir a infraestrutura americana. “O fato de que estamos atrasados em infraestrutura há tantos anos é simplesmente incompreensível”, declarou o democrata.
A Pensilvânia tem 3.198 pontes classificadas como em más condições, de acordo com o Departamento de Transportes. Há duas semanas, o estado recebeu cerca de US$ 327 milhões do governo para o reparo de pontes como parte da nova lei de infraestrutura. Biden disse que ficou surpreso ao saber que Pittsburgh tem mais pontes do que qualquer cidade do mundo. “E vamos consertar todas elas”, afirmou.
O pacote de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,47 trilhões), foco de resistência até mesmo dentro do Partido Democrata, é um dos maiores planos de investimentos públicos no país em décadas. A iniciativa destinará recursos para modernizar estradas, pontes, transportes, aeroportos, ferrovias e redes de abastecimento de água, energia e internet. A aposta é que os novos investimentos aqueçam a economia, gerem milhares de empregos e levem o país a avançar na transição rumo a uma economia menos poluente.
O plano de infraestrutura prevê ainda US$ 110 bilhões em novos investimentos em estradas, pontes e outras obras viárias. Dados do governo apontam que 278 mil km de rodovias e 44 mil pontes estão em más condições, com problemas como buracos no asfalto, infiltrações e ferrugem nas estruturas.
A Pensilvânia é o terceiro estado na lista de destinação de recursos para esse fim. Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis, uma estrutura classificada como em “más condições” não necessariamente está prestes a desabar, mas precisa de inspeções regulares.
Na área de mudanças climáticas, o plano prevê US$ 50 bilhões para combate e prevenção de secas e enchentes, US$ 7,5 bilhões para ampliar a rede de recarga de veículos elétricos e mais US$ 5 bilhões para a compra de ônibus escolares elétricos e híbridos. Haverá ainda investimentos de US$ 66 bilhões no setor ferroviário e de US$ 39 milhões no transporte público.
A visita à Pensilvânia também faz parte de uma nova estratégia da Casa Branca para levantar a popularidade do presidente, hoje próxima dos 40%, 17 pontos percentuais a menos do que quando assumiu, segundo o Gallup. O estado foi palco de seu primeiro evento de campanha, ainda em 2019.
Em uma entrevista coletiva no último dia 19, o democrata expressou o desejo de “sair deste lugar com mais frequência”, em referência à Casa Branca, sede do Executivo americano. “Vou sair e falar com a população. Vou fazer eventos públicos. Vou interagir com eles. Vou defender o que já fizemos”, disse.
Nesta sexta, espera-se que Biden anuncie a marca de 367 mil empregos criados no setor industrial desde que assumiu o cargo, há um ano. O Departamento de Comércio americano informou na quinta que a economia dos EUA cresceu 5,7% em 2021, a mais forte expansão desde 1984 e a primeira vez em 20 anos que o crescimento econômico dos EUA superou o da economia chinesa.
Por outro lado, a inflação de 7%, percentual não visto no país desde os anos 1980, corrói o poder de compra dos americanos e, consequentemente, a popularidade do democrata. A Casa Branca teme que a queda de apoio ao presidente influencie as eleições, ameaçando a ligeira maioria da legenda no Senado.