sábado, 4 maio 2024
LÁUREA ECONÔMICA

Prêmio Nobel de Economia é entregue a uma professora de Harvard

Claudia Goldin é a terceira mulher a receber o Nobel de Economia; Prêmio foi entregue por seus trabalhos sobre mulheres no mercado de trabalho
Por
Ana Flávia Defavari
Foto: Divulgação / Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Natural de Nova York, Estados Unidos, a ganhadora do Nobel de Economia 2023, Claudia Goldin é professora da Universidade de Harvard e codiretora do Grupo de Estudos sobre Gêneros na Economia do NBER (National Bureau of Economic Research). Claudia tem 77 anos e é apenas a terceira mulher a vencer o prêmio desde a sua primeira edição em 1969.

Seus estudos sobre mulheres no mercado de trabalho mostram que parte da explicação para a disparidade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres é em decorrência da fase de vida em que mulheres precisam tomar decisões importantes para suas carreiras como quando devem fazer escolhas sobre assuntos como a maternidade.

“Se as expectativas das mulheres jovens forem formadas pelas experiências das gerações anteriores — por exemplo, das suas mães, que não voltaram a trabalhar até os filhos crescerem — então o desenvolvimento será lento”, afirma a instituição responsável pela premiação, em nota.

Gráfico em “U” mostrando a evolução das mulheres casadas no mercado de trabalho ao longo dos séculos, passando da sociedade agrária para a industrial e, posteriormente, a de serviços – quando também surgiram as pílulas contraceptivas. — Foto: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences

Em sua pesquisa Claudia analisou mais de 200 anos de dados nos Estados Unidos sobre a participação feminina no mercado de trabalho. Diferente do que esperado e do que a pesquisadora imagina, a participação feminina ocorreu em uma curva em formato de “U” e não de maneira ascendente.

Até o século 18, os dados apontam que as mulheres estavam no mercado de trabalho pela própria dinâmica social pois trabalhavam dentro das propriedades agrárias da família, no entanto, durante o começo do século 19 com o inicio da sociedade industrial e o trabalho fora de casa o percentual teve uma redução drástica que mudou novamente no começo do século 20 quando o setor de serviços ganhou força e chamou as mulheres de volta ao mercado de trabalho.

Nesta mesma época o nivel de educação das mulheres começou a subir, passando até mesmo os níveis de escolaridade dos homens em países desenvolvidos. Claudia também mostra em suas pesquisas que o acesso à pílula anticoncepcional foi fundamental para essa aceleração já que ofereceu as mulheres uma maior possibilidade de planejamento de vida e carreira.

Mesmo com os avanços e a pílula anticoncepcional trazendo a oportunidade de planejamento, a maternidade ainda é um grande responsável pela disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho visto que as dinâmicas ainda presentes dificultam a contratação e ascensão profissional das mães.

“Historicamente, grande parte da disparidade salarial entre homens e mulheres poderia ser explicada por diferenças na educação e nas escolhas profissionais. Contudo, Goldin demonstrou que a maior parte desta diferença de rendimento ocorre agora entre mulheres que exercem a mesma profissão, mas que surgem em grande parte com o nascimento do primeiro filho”, destaca a nota.

A diferença de oportunidades e rendimentos que ocorre ao longo da vida familiar da mulher. — Foto: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences

Prêmio Nobel de Economia
Com 55 anos de existência, o Nobel de Economia foram laureados para apenas três mulheres até hoje, a primeira em 2009, Ellinor Ostrom, por seus trabalhos que mostram que empresas e associações de usuários às vezes são mais eficazes que o mercado.

A segunda em 2019, Esther Duflo, que dividiu o prêmio com os pesquisadores Abhijit Banerjee e Michael Kremer por seus trabalhos de combate à pobreza e a terceira sendo a de 2023, Claudia Goldin.

O Nobel de Economia não fazia parte da homenagem do grupo original de cinco prêmios estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.

Veja os vencedores dos últimos 10 anos do Nobel de Economia:
• 2022: Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig (Estados Unidos), por seus estudos sobre bancos e sua relação com as crises financeiras.
• 2021: David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens, por seus estudos para entender os efeitos de salário mínimo, imigração e educação no mercado de trabalho.
• 2020: Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson (Estados Unidos), por seus trabalhos na melhoria da teoria e invenções de novos formatos de leilões.
• 2019: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer (Estados Unidos), por seus seus trabalhos no combate à pobreza.
• 2018: William D. Nordhaus e Paul M. Romer (Estados Unidos), por seus estudos sobre economia sustentável e crescimento econômico a longo prazo.
• 2017: Richard Thaler (Estados Unidos), por sua pesquisa sobre as consequências dos mecanismos psicológicos e sociais nas decisões dos consumidores e dos investidores.
• 2016: Oliver Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia), por suas contribuições à teoria dos contratos.
• 2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos) por seus estudos sobre “o consumo, a pobreza e o bem-estar”.
• 2014: Jean Tirole (França), por sua “análise do poder do mercado e de sua regulação”.
• 2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também