quinta-feira, 25 abril 2024

Primeiro lote de CoronaVac chega a São Paulo

O primeiro lote com 120 mil doses da CoronaVac chegou na manhã desta quinta-feira (19), no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). 

No entanto, elas só serão usadas quando o imunizante for aprovado e registrado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). As 120 mil doses integram a primeira remessa, de 6 milhões de doses, que o governo paulista adquiriu da Sinovac, laboratório chinês que desenvolve a vacina contra a Covid-19 em parceria com o Instituto Butantan, do governo de São Paulo. 

As doses prontas e a matéria-prima necessária para a fabricação de mais 40 milhões de doses contra o novo coronavírus serão transportadas em voos fretados e comerciais. 

A previsão do governo Doria (PSDB) é que a carga completa esteja em solo paulista até o dia 30 de dezembro. 

A CoronaVac ganhou projeção ao entrar no centro de uma guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria, prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022. 

Bolsonaro esvaziou o plano de aquisição futura da CoronaVac feito em outubro pelo seu próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, criticou o governador João Doria e disse que a vacina não era confiável por causa de sua origem. 

Neste mês, o presidente voltou atrás e declarou que poderia autorizar a compra da vacina produzida pela Sinovac, mas não pelo preço que um “caboclo aí quer”. 

CHINA 

As 120 mil doses foram transportadas até São Paulo num avião cargueiro que saiu da China na última segunda-feira (16) e pousou na pista de Cumbica por volta das 7h40 (horário de Brasília) desta quinta (19). 

Por volta das 8h10, o governador João Doria chegou ao aeroporto e disse que estava no local para “receber a carga que ajuda a salvar a vida de milhares de brasileiros.” 

Dimas Covas, Jean Gorinchteyn e João Doria receberam a carga da vacina (Foto: Governo de SP | Divulgação)

Sob um forte esquema de segurança, a imprensa só conseguiu fazer registros fotográficos da carga. 

Após cumpridos os trâmites aduaneiros, o produto será transportado até o Instituto Butantan num caminhão escoltado pelas forças de segurança do Estado. 

As doses que compõem o primeiro lote já estão prontas para o uso e foram acondicionadas em bolsas de 200 litros cada uma dentro de contêineres refrigerados numa temperatura que varia entre 2ºC e 8ºC. 

O Butantan detém duas fábricas para produção e envase de vacinas cuja capacidade atinge cerca de 2 milhões de doses de vacina. Segundo o instituto, as duas linhas de produção já passaram por manutenção e estão prontas para o início dos trabalhos. 

SEGURANÇA 

Os testes da Coronavac chegaram a ser suspensos neste mês após a confirmação da morte de um homem de 33 anos, morador de São Paulo, que fazia parte dos estudos clínicos da vacina. 

No dia seguinte à suspensão, em resposta a um apoiador nas redes sociais, Bolsonaro escreveu insinuando que a imunização de origem chinesa poderia causar morte, invalidez e anomalia. Completou que era “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. 

Mas logo a Anvisa concluiu que o óbito não estava relacionado com a vacina e autorizou a volta dos testes. E Bolsonaro alegou, depois, que não havia comemorado a morte do voluntário que participava do ensaio clínico com a CoronaVac. 

Nesta terça-feira (17), um artigo publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases mostrou que a CoronaVac é segura e tem a capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos. 

Os resultados são fruto da análise dos ensaios clínicos de fase 1 e 2 conduzidos na China nos meses de abril e maio com 744 voluntários saudáveis de 18 a 59 anos e sem histórico de infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2. 

Embora a CoronaVac já esteja em fase 3 de teste (a última antes da aprovação) em humanos em diversos países, incluindo o Brasil, onde o imunizante é testado em parceria com o Butantan, o estudo é a primeira publicação oficial dos testes das fases anteriores. Todas as outras vacinas em fase 3 já haviam tido seus resultados de fase 1 e 2 publicados. 

Não há, ainda, uma vacina aprovada para uso na população que combata a Covid-19. 

Dezenas de imunizantes estão em testes em humanos, proveniente de diferentes países e com o emprego de tecnologias distintas. 

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