O PSL decidiu, em reunião nesta terça-feira (13), expulsar o deputado Alexandre Frota (SP) da legenda. Eleito na onda do bolsonarismo para o primeiro mandato, com 156 mil votos, Frota não tem poupado críticas ao presidente Jair Bolsonaro. “A decisão foi pela desfiliação do deputado”, afirmou o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE). Segundo ele, Frota foi enquadrado em artigo do regimento que fala sobre desalinhamento partidário.
Segundo Bivar, a expulsão está relacionada às declarações do deputado sobre o presidente Bolsonaro e sobre seus correligionários, e não a seu voto na reforma da Previdência. No segundo turno da votação, na Câmara, ele foi o único deputado do partido que se absteve de votar. De acordo com a cúpula do PSL, a decisão pela expulsão foi unânime.
“Foi um sentimento da executiva nacional do partido, de que não foi a primeira vez que ele vem se comportando dessa forma apesar de já termos conversado com ele”, disse.
Bivar afirmou que Bolsonaro não foi consultado antes da expulsão do parlamentar. A situação de Frota no partido se complicou nos últimos meses, e o deputado foi retirado da vice-liderança do partido na Câmara e da comissão da reforma tributária. Em maio, Frota criticou o filho do presidente, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro, e questionou seu posto como presidente estadual do partido. Ele chegou a dizer que “colocaria fogo” no partido.
O deputado depois criticou a indicação de Eduardo para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Ele chegou a ser o coordenador do PSL na comissão especial da Previdência e se consolidou como um dos principais articuladores do partido na questão, o que levou a uma aproximação sua com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Expulso, Frota não poderá ser acusado de infidelidade partidária e pode buscar outra legenda. Segundo informou o Painel, duas novas casas possíveis são o PSDB e o DEM. Em abril, em entrevista à Folha, Frota já havia feito uma série críticas ao governo, num reflexo das dificuldades do Executivo com o Congresso após cem dias de mandato.
Integrante da tropa de choque de Bolsonaro (PSL) durante a campanha de 2018, o deputado disse que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, era o maior responsável pela falha na articulação política. Ainda segundo Frota, o escritor Olavo de Carvalho, que deveria ter tido seu espaço reduzido por Bolsonaro, tinha mais influência do que os militares.
Logo no início do mandato, o deputado esmagou uma laranja na tribuna do plenário da Câmara ao comentar as acusações contra seu partido, que vive uma crise após a Folha revelar esquema de candidaturas laranjas do PSL. “Laranja podre, no PSL, será esmagada”, disse Frota, esmagando com a mão a fruta que retirou do bolso ao final do discurso.
Como ator, Frota estrelou novelas da Globo (“Roque Santeiro”), pornôs (“Bad Boy” e extenso cardápio da produtora Brasileirinhas) e reality show (“Casa dos Artistas”). Como empresário, tentou emplacar a banda Funk Sex. Já se viciou em cocaína.