Um dia após manifestações em defesa de recursos para a educação em centenas de cidades pelo país, o presidente Jair Bolsonaro disse que não é o responsável pelos cortes no setor e que a medida está sendo tomada para que ele não sofra um processo de impeachment no futuro.
“Quem decide corte não sou eu. Ou querem que eu responda um processo de impeachment no ano que vem por ferir a lei de responsabilidade fiscal, por não ter previsto que a receita, que agora é realidade, que a receita foi menor do que a despesa. É a realidade”, afirmou o presidente em Dallas, no Texas, onde se encontra com empresários e investidores americanos.
O presidente, porém, admitiu que há bloqueio de recursos para a educação e disse que é preciso contingenciar em “tudo quanto é área” do governo porque não há dinheiro nos cofres públicos. “Tem que contingenciar, infelizmente tem que contingenciar tudo quanto é área. Não é só um pouquinho na educação e um montão na defesa. Tem que contingenciar, não tem dinheiro”, declarou.
Bolsonaro desqualificou mais uma vez os protestos que aconteceram em capitais e centenas de cidades do país como uma resposta à decisão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que reduziu o orçamento das universidades federais e bloqueou bolsas de pesquisa.
O presidente afirmou que o setor está comprometido desde os governos do PT e que, por isso, não produz profissionais de qualidade. Ele questionou dados do IBGE sobre desemprego -que divulgou que 5,2 milhões de desempregados buscam trabalho há mais de um ano- e disse que o número de desempregados é muito maior que os cerca de 14 milhões contabilizados pelo instituto.
“Daí se fala em milhões de desempregados? Tem, até mais do que isso. O IBGE está errado, tem muito mais do que isso. Agora, em parte, essa população não tem como ter emprego porque o mundo evoluiu. Não estão habilitados a enfrentar um novo mercado de trabalho.”
Bolsonaro disse ainda que as manifestações desta quarta eram “uma passeata Lula Livre”, em referência ao ex-presidente petista que está preso desde abril por corrupção e lavagem de dinheiro. Nesta quarta, ao chegar aos EUA, o presidente já havia dito que os manifestantes nas ruas eram “idiotas úteis”, classificados pelo presidente como “militantes” e “massa de manobra”.