Cidade deve começar aplicação de reforço em setembro, mas depende de mais imunizantes
O Rio de Janeiro deve começar a aplicar a terceira dose da vacina contra a Covid-19 em idosos em setembro. A estratégia, no entanto, ainda depende do envio de imunizantes, já que a cidade teve que paralisar a campanha entre adolescentes novamente nesta segunda (23).
O reforço foi recomendado pelo comitê científico da prefeitura e confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde. A ideia é iniciar pelas pessoas em instituições de longa permanência, como asilos e casas de repouso, e depois ampliar pela idade, acima dos 60 anos.
“O calendário será elaborado e divulgado dentro de alguns dias. A previsão é de que a dose de reforço seja aplicada entre setembro e novembro, de forma escalonada para idosos que tenham tomado a segunda dose há pelo menos seis meses”, informou a pasta.
A medida deve acontecer simultaneamente à vacinação dos adolescentes, e serão usados os imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca, independentemente do fabricante da primeira e segunda doses. O prefeito Eduardo Paes (PSD) já havia sinalizado a decisão na última sexta (20): “Nós preferimos fazer a terceira dose das pessoas mais velhas do que antecipar a segunda dose dos mais jovens. Esta vai ser a posição da prefeitura”, declarou ele em entrevista coletiva.
O avanço da variante delta e a perda de imunidade entre os idosos que tomaram as duas doses preocupam especialistas. As internações e mortes estão aumentando há mais de um mês nas faixas de 80, 70 e 60 anos no Rio de Janeiro, segundo uma projeção feita pela Fiocruz.
Há uma discussão, porém, sobre o momento em que esse reforço deveria ser dado, já que a maioria dos estados brasileiros ainda não vacinou nem 25% da sua população com a segunda dose.
Na última quinta (19), o ministro Marcelo Queiroga afirmou que a terceira dose só deve começar no país após todos os adultos completarem o esquema vacinal, dando como previsão no mínimo o mês de outubro, com a priorização de idosos, profissionais de saúde e imunossuprimidos.
O infectologista Julio Croda, porém, defende que isso deveria ser feito simultaneamente. “O impacto no PNI [Programa Nacional de Imunizações] seria mínimo, porque são apenas 4 milhões de pessoas acima de 80 anos e imunossuprimidos, com um número ainda menor de profissionais da saúde acima de 60 anos”, disse o pesquisador da Fiocruz em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nesta segunda.
A entrevista foi compartilhada por Eduardo Paes nas redes sociais com a legenda “Vai vendo. Pra ontem @minsaude!”. Ele tem pressionado publicamente o governo federal a priorizar o Rio de Janeiro no envio de vacinas, por ser o “epicentro da pandemia” pelo avanço da delta. A falta de doses vem travando a campanha de vacinação de tempos em tempos na capital fluminense.