sexta-feira, 26 abril 2024

Roberto Jefferson é preso pela PF, após determinação de Alexandre de Moraes

Antes da prisão, presidente nacional do PTB, aliado do presidente Jair Bolsonaro, disse, no Twitter, que decisão era “canalhice” 

STF (Supremo Tribunal Federal) determinou hoje a prisão do ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson – Reprodução/Twitter

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (13), após determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Ele é acusado de envolvimento em uma suposta milícia digital que atua contra a democracia.

A Polícia Federal cumpriu na manhã de hoje o mandado de busca e apreensão e de prisão na residência do político aliado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Além da prisão preventiva, o ministro também determinou a busca e apreensão de armas e munições de propriedade de Roberto Jefferson “bem como de computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos”.

Na decisão, o ministro já autorizou o acesso a mídias de armazenamento (inclusive celulares, HDs, pen drives apreendidos, materiais armazenados em nuvem), “apreendendo-se ou copiando-se os arquivos daqueles julgados úteis para esclarecimento dos fatos sob investigação”, segundo trecho da decisão.

Por último, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das redes sociais – especificamente o Twitter, que, segundo o ministro é “necessário para a interrupção dos discursos criminosos de ódio e contrário às Instituições Democráticas e às eleições, em relação ao perfil @BobJeffRoadKing”.

Mais cedo, o perfil havia publicado que a decisão de Moraes se tratava de uma “canalhice”. “A Polícia Federal foi a casa de minha ex-mulher, mãe de meus filhos, com ordem de prisão contra mim e busca e apreensão. Vamos ver de onde parte essa canalhice”, escreveu o perfil.

Roberto Jefferson disse que decisão era “canalhice” em conta no Twitter; ministro Alexandre de Moraes mandou bloquear as redes sociais do presidente do PTB – Reprodução/Twitter

O inquérito das milícias digitais foi aberto em julho, por determinação de Alexandre de Moraes, após reunir conteúdo coletado pelos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Nesta investigação, dividida em quatro núcleos de apuração da organização (produção, publicação, financiamento e político), a Polícia Federal investiga possível atuação de grupos bolsonaristas contra as instituições democráticas.

Os investigadores também apuram se há relação entre os ataques a órgãos públicos com o chamado “gabinete do ódio”, que teria influência de filhos do presidente Jair Bolsonaro e supostamente financiados com dinheiro público.

O ex-deputado bolsonarista xingou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de “cachorro do STF” em seu último tuíte antes de ser preso na manhã de hoje. A conta já retirada do ar. 

“Xandão, maridão de dona Vivi, Cachorro do STF, decretou minha prisão por crime de milícia digital”, começou o ex-deputado em seu perfil no Twitter. E continuou: “Ele [Moraes] está repetindo os mesmos atos do Supremo da Venezuela, prendendo os Conservadores para entronizar os comunistas. Deus. Pátria. Família. Vida. Liberdade”.

Conheça o processo

Na disputa dos partidos para tentar conseguir a filiação do presidente Jair Bolsonaro para sua candidatura à reeleição em 2022, o PTB chegou a oferecer as principais funções da legenda, como presidência e diretoria financeira, à família Bolsonaro. A expectativa, porém, era de que o presidente levaria algo em torno de 20 a 25 deputados já eleitos à legenda, o que aumentaria o repasse do fundo eleitoral ao partido.

Em uma conversa obtida pela PF, o ex-deputado afirmou defender um “ato institucional”, nos moldes do AI-5, contra o STF. A fala teria sido endereçada ao empresário e militante bolsonarista Otávio Fakhoury.

O inquérito em andamento tem acesso às provas obtidas pela investigação sobre fake news, o que manteve na mira alguns investigados como Roberto Jefferson. A delegada do novo inquérito, Denisse Dias Rosas Ribeiro, também atuou na investigação sobre atos antidemocráticos.

Fakoury foi alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Lume, que coletou documentos para subsidiar as investigações.

A nova investigação foi aberta no mesmo dia em que Moraes determinou o fechamento, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), do inquérito dos atos antidemocráticos, que foi aberto no ano passado.

Nesta investigação, dividida em quatro núcleos de apuração da organização (produção, publicação, financiamento e político), a Polícia Federal investiga possível atuação de grupos bolsonaristas no financiamento e promoção de disseminação de notícias falsas.

Os investigadores também apuram se há relação entre os ataques a órgãos públicos com o chamado “gabinete do ódio”, que contaria com a suposta influência de filhos do presidente Jair Bolsonaro, e se os ataques eram supostamente financiados com dinheiro público.

Mensalão

O ex-deputado Roberto Jefferson também já foi alvo do STF em outra ocasião. Em 2005, o político foi apontado como sendo o “pivô” do escândalo do mensalão, sistema de pagamento mensal a políticos para garantir apoio no Congresso.

Sete anos depois, com o fim do julgamento do caso pelo STF, Jefferson foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

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