Após o governo federal divulga data, o governador João Doria se adianta no reforço da imunização de idoso
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), confirmou nesta quarta-feira (25) o plano de aplicar a terceira dose em idosos de 60 anos a partir do dia 6 de setembro. O anúncio, feito em coletiva, se deu horas depois do Ministério da Saúde implementar a medida nacionalmente a partir de 15 de setembro.
“Esta decisão foi finalizada hoje pela manhã e, para aumentar a proteção do público com mais de 60 anos, o estado de São Paulo, que está dando um exemplo de vacinação, vai iniciar a aplicação da terceira dose a partir de 6 de setembro”
por João Doria, governador de São Paulo
Nesta manhã, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a aplicação da terceira dose para idosos acima de 70 anos a partir do dia 15 de setembro e a antecipação de AstraZeneca e Pfizer de 12 para 8 semanas. Doria, que já estava avaliando a questão, decidiu se adiantar e apresentou até cartão de vacinação
A medida está sendo discutida pelo governo paulista, antes resistente à aplicação, desde a semana passada. Em reunião nesta semana, o Comitê Científico, antigo Centro de Contingência, deu o parecer favorável à adoção em idosos acima de 60 anos e imunossuprimidos.
O escalonamento vai obedecer aos mesmos critérios do início da vacinação. Faixas etárias mais altas, e aí vai abaixando. As pessoas de 60 anos que serão vacinadas são aquelas que já completaram 6 meses da segunda dose.
“Se a segunda dose ocorreu a menos de 6 meses, ela deverá aguardar completar o semestre. É a partir dos 6 meses que há a possibilidade de uma queda na imunidade. Antes disso, não faz sentido dar uma dose adicional”, afirmou João Gabbardo, coordenador do Comitê Científico.
A questão, para o governo Doria, passou a ser, então, a quantidade de doses disponíveis. Atualmente, o estado vacina adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades. A possibilidade adotada pelo estado seria adiantar as segundas doses de AstraZeneca e Pfizer, como também anunciou Queiroga, para depois ir aos idosos.
Em coletiva nesta manhã, Doria disse que o martelo seria batido em reunião do PEI (Programa Estadual de Imunização) amanhã e possivelmente anunciado na sexta (27). Horas depois, foi furado por Queiroga.
A terceira dose já está sendo sido adotada por alguns países para diferentes idades, como Israel (a partir dos 30) e Hungria (toda a população), mas ainda não havia sido garantida pelo governo paulista. Ontem, o Rio de Janeiro anunciou a medida após divulgar um estudo com aumento de mortes e internações para idosos imunizados.
A avaliação tanto do governo Doria quanto do Butantan é que ainda não havia estudos consistentes que recomendassem a dose de reforço para quem tomou CoronaVac, apesar de algumas pesquisas já indicarem a necessidade. O Chile, país que também usou o imunizante em massa, já começou a aplicar a dose de reforço nos adultos de 55 anos ou mais.
O que o governo paulista chegou a especular foi uma campanha de vacinação periódica, a começar a partir de janeiro, ao marcar um ano do início da imunização contra a covid-19 no país.
3ª dose com ‘vacina disponível’ em SP
João Gabbardo declarou que a dose de reforço contra a doença será feita com as vacinas que estiverem disponíveis, independente de quem tomou um tipo ou outro de vacina.
“A vacina que foi disponibilizada primeiro e que atendeu a população de maior risco foi a CoronaVac. A grande maioria utilizou a primeira e a segunda dose a CoronaVac. Mas, em outros países, com vacinas diferentes, também está sendo feito isso”, declarou João Gabbardo.
O especialista em saúde afirmou que o momento pede a antecipação de doses e a diminuição do período entre a primeira e segunda dose, além do esforço em mobilizar o estado para proteger os idosos.
O governo do estado tem percebido uma melhora progressiva dos indicadores da pandemia. Paulo Menezes, coordenador do Comitê científico, disse que a presença crescente da variante delta fez com que o grupo se reunisse para pensar em alternativas.
“O Comitê Cientifico reuniu as evidências de todo o mundo. Estamos vendo em vários países essa questão da terceira dose para a sua população e, por isso, o Comitê Cientifico julgou que é adequado, então, nesse momento [aplicar uma terceira dose em maiores de 60 anos]”, disse Paulo Menezes.