O juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira (1º) convite para assumir o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Responsável pela Lava Jato em Curitiba, Moro foi sondado para compor a pasta ainda durante a campanha eleitoral.
Em nota, o novo ministro disse que aceitou o convite da gestão Bolsonaro após uma reunião para discutir políticas para a pasta. Ele se reuniu com o novo presidente, hoje de manhã, na casa dele no Rio de Janeiro.
“Fiz com certo pesar, pois terei que abandonar 22 anos de magistratura”, disse. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior”, disse Moro.
A Operação Lava Jato seguirá com os juízes de Curitiba. Moro afirmou que se afastará das novas audiências e que mais detalhes serão fornecidos em coletiva de imprensa na próxima semana.
Ele já não participará de audiência com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo dia 14, que deverá ficar a cargo da juíza substituta Gabriela Hardt. O novo titular definitivo da Lava Jato ainda será definido.
Em mensagem no Twitter, Bolsonaro disse que “a agenda anti-corrupção, anti-crime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis, será o nosso norte!”.
Segundo o vice do presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), a primeira abordagem aconteceu há algumas semanas.
“Isso já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”, afirmou, em conversa nesta quarta-feira (31), no Rio. De acordo com o general, o responsável por contatar o juiz foi o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
Nos últimos dias, a sinalização do magistrado, de aceitar ser ministro, foi alvo de críticas de parte da classe política. O candidato a presidente derrotado Ciro Gomes (PDT) chegou a dizer que Moro era uma “aberração de toga”.
O governo Bolsonaro ainda avalia tornar a pasta de Moro um superministério que integraria as estruturas da Justiça, Segurança Pública, Transparência e Controladoria-Geral da União e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ligada hoje ao Ministério da Fazenda.
Leia na íntegra a nota enviada pelo novo ministro da Justiça, Sergio Moro:
“Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Apos reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anti-corrupção e anti-crime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes.”