quinta-feira, 18 abril 2024

Trump diz a Fórum de Davos para rejeitar alarmismo ambiental

Não houve fanfarra neste ano como em 2018, quando Donald Trump subiu ao palco apenas após uma banda homenageá-lo. Desta vez, antes de seu discurso, um coro de vozes tocou uma canção informalmente considerada o hino da suíça.

Bumbos para bater, somente no discurso, no qual disse que “os EUA estão se superando”. “Estamos vencendo de novo”, afirmou, antes de desdenhar “profetas do apocalipse” – alusão à ativista ambiental Greta Thunberg, que participara de um painel horas antes de Trump subir ao palco e discursaria, pouco depois, em uma sessão sob o nome “Evitando o Apocalipse Climático”.

“Temos motivos para sermos otimistas. Não é tempo para as dúvidas ou para o medo”, disse, enumerando previsões mais soturnas que não se concretizaram. “Temos que rejeitar esses profetas do fim do mundo de sempre e suas previsões catastrofistas.”

Apesar do cutucão, o americano também tentou cicatrizar algumas feridas, algo que não fez em sua primeira participação, em 2018. Detrator do Acordo de Paris sobre o clima, ao qual abandonou, disse que o ar em seu país nunca foi tão limpo e que está comprometido com “cuidar das belezas naturais da criação divina”.

Não fez, contudo, nenhum sinal de que pretenda trabalhar com a indústria para reduzir a emissão de gases estufa. Mas recebeu palmas ao dizer que os EUA se uniriam à iniciativa do Fórum, anunciada no ano passado, para plantar 1,2 trilhão de árvores -o cuidado com o ambiente é um dos eixos da reunião deste ano, e tem sido cobrado de governos e empresas.

A principal mensagem para a plateia lotada de líderes políticos, ativistas sociais, empresariais e jornalistas em sua segunda aparição no Fórum (ele não veio em 2019), entretanto, era a de que as tensões com a China arrefeceram, ao menos por ora.

Na opinião de Trump, a relação “nunca esteve melhor”. “Eu e o presidente Xi [Jinping], nós nos amamos”, disse o americano, que no passado já deixou sem resposta um “eu te amo” do brasileiro Jair Bolsonaro. ‘ Pequim e Washington selaram recentemente um acordo para suspender a chamada guerra comercial, que mergulhou o mundo -e os investidores- em incertezas nos últimos meses. Pois Trump não somente tentou convencer outros líderes que as coisas haviam entrado nos eixos como ressaltou acordos comerciais com Canadá e México e o desejo de forjar um pacto com a Coreia do Sul e o Reino Unido.

O discurso de 30 minutos, que começou 15 minutos atrasado apesar do apreço suíço à pontualidade, ocorre quando, do outro lado do Atlântico, o Senado americano examina o impeachment do presidente, que tentou pressionar seu aliado ucraniano, Volodimir Zelenski, a entregar-lhe erros de inimigos políticos em troca da manutenção de uma linha de ajuda financeira para Kiev.

A viagem parece ter sido calculada para demonstrar confiança e atrair o foco do eleitorado americano, que vai às urnas em novembro, mirar outra coisa. Nesse sentido, o palco do encontro anual do Fórum Econômico Mundial assumiu ares de palanque doméstico.

Ao longo do pronunciamento, Trump enumerou feitos, sobretudo a recuperação do mercado de trabalho americano, e exortou outros países a seguirem seus passos. “Peço que liberem seus cidadãos do fardo da burocracia”, exclamou. O índice de desemprego nos EUA paira atualmente em 3,5%, o menor nos últimos dez anos e um dos mais baixos da história.

Foi só nove minutos depois de começar a falar que o americano parece ter se lembrado que discursava uma plateia global, e convinha citar a comunidade internacional para além dos acordos de comércio. A alusão, porém, foi um tanto desastrada.

“Ninguém está no nosso nível. Alguns chegarão, porque muitas coisas boas aconteceram com os EUA e podem acontecer com outros países. Mas ainda não”, exclamou, para um riso contido do público de 1.500 pessoas. Não ficou claro se o americano falava da eleição de outros líderes alinhados com ele.

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