sexta-feira, 26 abril 2024

Altas em temperaturas afetará decolagens de aviões, afirma estudo

Se hoje os aeroportos já vivem seus momentos de caos em épocas de festa, com atrasos e cancelamentos, o futuro não parece muito animador para os viajantes segundo um novo estudo.

Publicado na revista Climatic Change, o trabalho afirma que as mudanças climáticas devem piorar a performance das decolagens, exigindo mais pista e mais tempo para chegar à velocidade necessária.

A pesquisa analisou quais seriam os efeitos do aquecimento global em 30 dos maiores aeroportos do mundo -nenhum deles no Brasil-, durante o verão. O resultado é que o aumento da temperatura, que deixa o ar menos denso, reduziria a força de sustentação do avião. Além disso, com o ar mais quente, a eficiência dos motores é menor, o que reduz potência e tração. Nesse cenário, são necessárias maiores velocidades para que a nave levante voo.

Traduzindo: além de uma subida mais demorada até alcançar a altitude desejada. No fim das contas, a performance de decolagem diminui em todos os aeroportos analisados na pesquisa.

Apesar disso, há variação entre os aeroportos. Até 2100, segundo os pesquisadores, o LAX (Aeroporto Internacional de Los Angeles), nos Estados Unidos, necessitará no verão de mais 6,7 metros de pista para as decolagens.

Já o MAD (Aeroporto de Madrid-Barajas), na Espanha, precisará de mais 168 metros de pista para que as naves decolem com segurança.

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores usaram dados desde 1976 e fizeram projeções climáticas para o resto do século. Como potência do motor e peso podem variar entre aeronaves, os cientistas usaram como base o Boeing 737-800, modelo comum de avião comercial.

Eduardo Bauzer Medeiros, pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que hoje o desempenho de aviões em um contexto de mudanças climáticas não gera comoção. “Buscamos aumento de eficiência o tempo todo. Não temos essa ou aquela preocupação específica com essa ou aquela pista.”

Há outras maneiras de contornar o problema, segundo Ronaldo Carvalho, pesquisador do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), mas a solução deve trazer impactos.

“As empresas aéreas controlam o peso máximo de decolagem considerando o comprimento de pista disponível, a temperatura do dia, a altitude do aeródromo e a declividade das pistas. Em dias muito quentes elas terão que limitar o peso e controlar a quantidade de combustível e passageiros, de forma a permitir a operação com segurança.”

Outras pesquisas também já apontaram que o aquecimento global poderá intensificar turbulências de céu claro -quando não há nuvens-, o tipo que causa mais problemas para companhias aéreas pela imprevisibilidade.

 
 

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