sábado, 27 abril 2024

Êxodo venezuelano já lembra crise no Mediterrâneo, diz ONU

O êxodo de migrantes da Venezuela para países vizinhos está se aproximando de um “momento de crise” comparável à fuga de refugiados da àfrica e do Oriente Médio para a Europa pelo Mediterrâneo, disse a agência da ONU para o tema.
Segundo a OIM (Organização Internacional de Migração), mais de 1,6 milhão de venezuelanos deixaram o país nos últimos três anos fugindo da crise política, do desabastecimento generalizado e de uma hiperinflação que pode chegar a 1.000.000% no ano de acordo com o FMI.
“Isso está escalando para um momento de crise que vimos em outras partes do mundo, particularmente no Mediterrâneo”, afirmou o porta-voz da OIM, Joel Millman.
A maior parte destes imigrantes cruzou a fronteira com a Colômbia -o governo local afirma que mais de 850 mil venezuelanos vivem no país. Uma parte também seguiu em direção ao Equador (que diz ter recebido mais de 400 mil) e de lá ao Peru.
Por isso, representantes destes três países vão se encontrar na próxima semana para debater soluções para a questão.
Quito também convocou para setembro uma reunião com 12 governos da América do Sul e Central para discutir o tema -Brasil e Chile já confirmaram presença. O governo do Equador também anunciou a criação de um corredor humanitário de 800km para que os venezuelanos que entrem no país sejam levados de ônibus até a fronteira com o Peru, disse diário El Comercio.
No sábado passado (18), o Equador anunciou que passaria a exigir passaporte válido, e não apenas a carteira de identidade, para venezuelanos que tentam entrar no país e o Peru tomou ação semelhante. No caso equatoriano, a medida foi barrada pela Justiça nesta sexta. O Peru anunciou na quinta (25) uma decisão semelhante.
As medidas foram criticadas pela OIM e pelo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), que pediram aos países da região que facilitem a entrada dos venezuelanos.
Andrej Mahecic, porta-voz do Acnur, disse que os governos fizeram um esforço louvável levando em conta que a capacidade de recepção chegou ao limite e que os serviços locais ficaram sobrecarregados.
“Essa crescente estigmatização daqueles que são forçados a fugir coloca em risco os esforços para sua integração”, disse.
Mahecic não especificou se as imagens as quais se referiu são as do confronto entre brasileiros e venezuelanos registradas no último sábado em Pacaraima, em Roraima.
O município na fronteira com a Venezuela é a principal porta de entrada dos 127 mil migrantes que entraram no Brasil desde o início da crise no vizinho.
Segundo o governo federal, 60% deles já deixaram o país, mas, 25 mil continuam em Roraima e o governo estadual diz que 2.000 deles estão em Pacaraima -Brasília diz que são 1.500. Millman, da OIM, disse que esses eventos recentes são um aviso e pediu que a comunidade internacional disponibilize verbas para ajudar a resolver a questão.
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