sábado, 23 novembro 2024

40 leitos e 5 milhões de pessoas

A região de Campinas deveria ter entre 75 e 150 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) pediátrica, segundo Silvia Helena Rondina Matheus, conselheira responsável pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) na região. A falta de leitos fez com que a Unicamp suspendesse novas internações em UTIs pediátricas nos últimos dias.
Ela aponta que esses leitos são referências para cerca de 5 milhões de pessoas. “Esses leitos atendem toda a DRS (Diretoria Regional de Saúde) 7, que abrange 42 cidades, e a DRS 14, que abrange 20 cidades”, explicou.
De acordo com Silvia, desses 40 leitos, 10 são no Hospital Dr. Mário Gatti, 10 no complexo Hospitalar Ouro Verde e mais cinco que o município contrata no Hospital da PUC. Outros 10 são do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp e os outros cinco do HES (Hospital Estadual de Sumaré. “Ou seja, dá 25 que seriam apenas para o município de Campinas, que estão sob a gestão da Secretaria Municipal de Saúde. Teríamos 15 leitos, que são responsabilidade do governo estadual, para referência para todas essas cidades das duas regionais e 25 apenas para o município. Mas esses 25 leitos, que teoricamente seriam só do município, acabam indo para a Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde). Por isso que acaba sendo 40 vagas para 5 milhões de pessoas”, detalha.
Segundo a conselheira, de acordo com a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Campinas tendo pouco mais de 1 milhão de habitantes deveria ter entre 15 e 30 leitos de UTI pediátrica.
“Temos 25 e a referência regional 15, logo o problema não é do município de Campinas. É da região. Para resolver esse problema é preciso criar mais leitos. É preciso investimento”, afirmou.
Ela ainda ressalta que a DRS 14 não conta com nenhum leito de UTI pediátrica nas 20 cidades que a compõem.
ATENDIMENTOS
Questionada sobre o que acontece com os pacientes que precisam de atendimento quando todas as vagas de UTI já foram ocupadas, Silvia disse que ficam em locais improvisados. “Os pacientes acabam ficando internados em macas no pronto-socorro, às vezes monitorizados com respirador na sala de urgência. Mas ficam lá aguardando vagas, por isso que a gente vê prontos-socorros entupidos todo santo dia”, afirmou.
ESTADO
O Departamento Regional de Saúde de Campinas destacou que a região possui mais de 130 leitos para atendimento pediátrico, somando leitos de internação e de UTI (Unidade de Terapia Infantil).
“Em todos os casos de aumento da demanda, como pode ocorrer com a procura por atendimento pediátrico no período de baixas temperaturas, a DRS dá suporte para garantir que os pacientes sejam direcionados para outras unidades de referência que tenham condições de receber os casos, bem como a Cross, sistema online que funciona 24 horas por dia e, a partir das solicitações dos hospitais de origem, busca vaga disponível em várias unidades (não apenas nos hospitais estaduais), na região do paciente e, eventualmente, em todo o Estado, conforme o recurso necessário”, apontou.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, assim, é possível buscar o atendimento necessário ao paciente, no local mais próximo com disponibilidade e capacidade para atender cada caso. “A Central atua em conformidade com as diretrizes do SUS, com base em critérios clínicos, priorizando os casos mais graves e urgentes, desde que os pacientes tenham condições de transferência, como estabilidade clínica e ausência de infecções”, explicou.
DIAGNÓSTICO
Silvia explicou que o Cremesp tem um diagnóstico da situação, mas falta colocar no papel para depois tentar uma reunião e parceria com o MP (Ministério Público) para propor soluções para o problema. “Tínhamos o problema de falta de UTI neonatal. Nós fizemos uma parceria com o MP, mapeamos o problema, e depois de um inquérito civil, conseguimos uma liminar em maio desse ano para que se abram 10 novas UTI neonatal e 20 de UCI (Unidade de Cuidados Intermediários) no HES, mas todo o processo vem desde 2013 porque é complexo”, explicou.

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