quarta-feira, 24 abril 2024

Americana vira modelo nacional na habitação

A construção de moradias populares no Jardim dos Lírios – projeto habitacional que nas décadas de 1990 e 2000 acabaram com a maior favela de Americana – vai servir de modelo para a execução de projetos habitacionais do Governo Federal em todo o País. 

O secretário nacional de Habitação, Celso Matsuda, recebeu em Brasília (DF) explicações detalhadas sobre o programa que, a partir da administração do ex-prefeito Waldemar Tebaldi, no final dos anos 1990, engajou os moradores dos barracos na construção das habitações de alvenaria. 

O diretor de Habitação na época – o atual vereador Marco Antônio Alves Jorge, o “Kim” (MDB) – fez parte da comitiva americanense que esteve no Distrito Federal na última semana. 

Antes de assumir a cadeira no Legislativo, o vereador trabalhou por três décadas no governo municipal, especificamente no setor de Habitação. Engenheiro, ele já comandava programas de habitação popular no começo da década de 80, quando brotaram na beira da Anhanguera os embriões do Profilurb (atual Jardim Nossa Senhora Aparecida). 

No caso do Jardim dos Lírios, a experiência foi inédita. O governo municipal cedeu o terreno (que se espalhava ao longo da Rua dos Lilases, no final da Cidade Jardim), e os próprios moradores dos antigos barracos se reuniram em mutirões para a execução das obras. 

A grande novidade do projeto, no entanto, foi que os “pedreiros” estavam unidos em uma espécie de cooperativa para comprar equipamentos e materiais de construção. 

Kim lembra. Um morador sozinho não tinha dinheiro para comprar uma serra elétrica. Todos compraram juntos, e o equipamento foi usado na construção de todas as casas. Também foi assim com relação à areia, ao cimento, à brita… Despesas e mão de obra foram compartilhadas. 

O grupo de moradores acabou reconhecido pelos próprios fornecedores como um cliente forte, bom pagador. O empresário vendia grande quantidade de materiais, com a garantia de receber. 

A associação – administrada por técnicos da prefeitura – assumia o planejamento das obras, a cotação de preços, o fechamento dos contratos. 

Politicamente, o projeto teve uma repercussão tremenda. Tebaldi – que já era dono de grande popularidade na região do Antônio Zanaga, por exemplo – também caiu nas graças dos bairros populares do outro canto da cidade. 

E, de tão bom, o projeto continuou sendo executado durante os governos dos outros prefeitos que o sucederam. Erich Hetzl, Diego de Nadai, Omar Najar. Todos a seu tempo, e com suas metodologias, mantiveram os investimentos públicos em programas de habitação popular naquela e em outras regiões da cidade. 

“O reconhecimento nacional nos deixa tocados. A experiência foi única. Os moradores se envolveram, o Poder Público organizou o trabalho. Quem era favelado ganhou moradia digna”, afirma o engenheiro. 

O Governo Federal ainda não confirmou, publicamente, que projetos serão inspirados na experiência local. Mas quanto a isso não existem dúvidas. 

A comitiva americanense já foi convidada para detalhar o projeto em Brasília em outras oportunidades. E aqui mesmo a inciativa será replicada. 

DOIS NOVOS PROJETOS ESTÃO A CAMINHO 

A reportagem teve acesso a informações sobre a execução de dois novos projetos habitacionais populares nos mesmos moldes. 

O “Estação Central”, por exemplo, será um conjunto de apartamentos populares projetado para a quadra onde existem hoje as casas centenárias da Rua Dom Pedro II, onde vivam no passado os funcionários da ferrovia. Detalhe: o projeto contempla a preservação do patrimônio histórico (que também vai servir para a habitação popular). 

Já o “Muro Azul” é um condomínio residencial projetado para a Rua Maranhão, na Praia Azul, uma das regiões da cidade com maior expansão demográfica. 

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