sábado, 23 novembro 2024

Apreensão em Viracopos foi ‘violação’, diz embaixada

A embaixada da Guiné Equatorial no Brasil classificou ontem como “violação grosseira” a ação conjunta da Polícia Federal e da Receita Federal no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, que resultou na apreensão de malas com dinheiro, além de relógios de luxo, com uma comitiva do país africano, liderada pelo vice-presidente Teodoro Obiang Mang.

 

A delegação africana pousou em avião do governo na sexta-feira à noite, em Campinas, carregando malas não declaradas com cerca de US$ 1,5 milhão e R$ 55 mil, em espécie, além de relógios de luxo (alguns cravejados de diamantes) avaliados em US$ 15 milhões.

 

Em nota oficial ontem, a embaixada disse que o objetivo da ação em Viracopos foi criar um “embaraço” ao vice-presidente. Além dele, mais dez pessoas estavam a bordo. A delegação não veio ao Brasil em missão oficial. Em visitas oficiais, a bagagem diplomática não pode ser submetida a fiscalização. A comitiva africana, no entanto, tinha malas sem conteúdo diplomático.

 

O vice-presidente, que é filho mais velho do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, estaria no Brasil para fazer um tratamento de saúde. A delegação deixou o Brasil sem os pertences e o dinheiro apreendidos.

 

Em nota, a embaixada condenou a apreensão. “Tal atitude, de violação grosseira da prática diplomática internacional, não teve outro objetivo que não seja o de criar um embaraço totalmente gratuito ao Senhor Vice-Presidente da Guiné Equatorial e ao país que ele representa”, afirma a embaixada na nota.

 

Ainda segundo o texto, a viagem foi programada e tratada formalmente com as autoridades brasileiras, tendo obtido a autorização diplomática.

 

A embaixada afirma que, contrariamente ao esperado e à praxe diplomática internacional, o delegado da Receita Federal na alfândega de Viracopos decidiu revistar as malas da comitiva, “Incompreensivelmente, e de forma ilegal, o referido delegado descumpriu os normativos internacionais e nacionais sem qualquer fundamentação, como é sua obrigação”, afirma a embaixada.

 

A embaixada finaliza a nota informando que haverá uma nota formal de protesto e oficial nas instâncias adequadas.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que “se manteve em coordenação permanente com a Polícia Federal e a Receita Federal no acompanhamento do caso, inclusive quanto à adoção de medidas cabíveis”. A investigação do caso está sob sigilo.

 

O TODODIA procurou a Polícia Federal e a Receita Federal, mas as autoridades informaram que não vão se manifestar sobre a operação ou as investigações.
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