O Tribunal do Júri de Piracicaba decide nesta quarta-feira (19) o destino dos três acusados de envolvimento no homicídio de Madalena Leite, que foi vereadora, liderança comunitária do bairro Boa Esperança e figura de forte representatividade no município. O crime ocorreu em 7 de abril de 2021 e mobilizou a cidade pela violência e pelas circunstâncias que cercaram o caso.
Durante o julgamento, os três réus negaram participação. A principal acusada afirmou ter sido coagida a assinar uma confissão e declarou que estava fazendo faxina em casa no momento do crime, tendo tomado conhecimento da morte por terceiros. O segundo investigado, apontado como tendo um vínculo afetivo com a acusada, disse não conhecer detalhes do homicídio e negou o suposto relacionamento. O terceiro também negou envolvimento e disse não ter estado no local.
Reconstituição do caso
O corpo de Madalena foi encontrado por um vizinho por volta das 12h30 daquele 7 de abril, com ferimentos na cabeça provocados por golpes de facão. Segundo a investigação policial, a acusada teria informado falsamente aos outros dois homens que havia cerca de R$ 60 mil na casa da vítima. De acordo com o inquérito, uma disputa por liderança comunitária teria motivado o crime.
As apurações indicaram que, na madrugada do homicídio, Madalena teria sido chamada ao portão pela acusada. Ao atender, foi imobilizada pelo segundo suspeito, enquanto o terceiro teria revistado a residência em busca de dinheiro. Em determinado momento, a vítima conseguiu se soltar, sendo então atacada com vários golpes na cabeça.
No dia 10 de abril de 2021, os três foram presos. Com eles, a polícia apreendeu 92 porções de cocaína e R$ 430, além de objetos pertencentes à vítima — entre eles uma gravata, um molho de chaves e um lenço, reconhecidos pela família.
Legado e repercussão
Madalena Leite foi a primeira travesti eleita vereadora em Piracicaba, em 2012, pelo PSDB, com mais de três mil votos. Sua atuação tornou-se referência local e regional. Familiares, amigos e moradores acompanharam o julgamento, pedindo justiça e destacando sua importância comunitária.
