Durante participação do vereador Angelo Roberto Réstio, o Nenê (MDB), de Nova Odessa, em um programa matinal da Rádio Paraíso FM, ontem, o locutor afirmou que ficou sabendo no dia anterior que tem vereador que fica com parte do salário de seu assessor.
“A gente ficou sabendo de uma história trash (lixo, em inglês) de que Nova Odessa tem vereador que pede pedágio de assessor. Vamos averiguar isso e, se for real, vamos denunciar esse vereador. Vamos avaliar se é sério mesmo porque as pessoas falam demais. Nova Odessa nunca teve isso aí. É sério mesmo, corrupção. Vamos averiguar e, se proceder, a casa vai cair”, afirmou o locutor Gleison Alves.
Gleison foi quem fez a entrevista com Bill no dia da eleição, em 2016, que resultou no processo de cassação do registro do prefeito, revertido posteriormente na Justiça.
O TODODIA ligou nos gabinetes ontem e conversou com os assessores dos vereadores, que negaram que são ou tenham sidos obrigados a devolver parte de seus salários. Eles afirmaram nunca ter ouvido qualquer conversa sobre esse assunto entre os colegas.
A reportagem contatou Anderson Agnaldo Gonçalves, ex-assessor do professor Antonio e fez o mesmo questionamento. “Não posso responder isso não. Não estou sabendo. Não acusei nada não. não partiu de mim”, retrucou.
A reportagem entrou em contato com vereadores e eles também negaram a prática. “Jamais fiz isso, nunca, e juro que também não sei quem é”, afirmou Vagner Barilon (PSDB).
Tiago Lobo (PCdoB) afirmou que não faz isso. “Nunca fiz isso e essa história é novidade para mim. Nunca tinha ouvido essa história na Câmara, nem de vereador e nem de assessor”, disse.
Cláudio José Schooder, o Leitinho (PV), negou que pratique ou saiba do assunto. “Nunca fiz essa prática. Não estou sabendo de nada. Eu acho que são palavras ao vento. Acho que ninguém faz isso ali não”, destacou.
Antonio Alves Teixeira, o Professor Antonio (PT), seguiu a mesma linha. “Nesses cinco anos que estou na Câmara ainda não (cobrei pedágio)”. Questionado por esse “ainda”, ele continuou: “Sim, porque pode ser feito amanhã porque ainda tem uns anos para encerrar meu mandato né. Mas nunca fiz essa prática, até porque o salário é maior que o do assessor e eu tenho dois empregos, sou diretor. Não tenho ideia de quem possa estar fazendo isso”, declarou.
Nenê negou a prática. “Tenho quatro mandatos, fui presidente da Câmara e jamais faria isso, essa prática criminosa. Sou da Comissão de Ética e, como corregedor, se ficar comprovado, a gente vai tomar providências”, afirmou. Ele explicou que a abertura de sindicância não é automática. “Precisamos ser provocados. Precisamos que alguém faça uma denúncia formal na Câmara ou que tenhamos alguma reportagem na imprensa com dados, com elementos de prova. Sem ter provas, indicação ou sugestão eu não tenho como agir”, explicou.
A reportagem não conseguiu contato com Wladney Pereira Brigida, o Polaco (SDD), Sebastião Gomes dos Santos, o Tiãozinho da Klavin (MDB), e Avelino Xavier Alves, o Poneis (PSDB).
NOTA
Carla, presidente da Casa, divulgou uma Nota de Esclarecimento sobre o assunto. “Esta presidência espera que o denunciante denomine quem é o autor da prática para que não envolva o nome de parlamentares sérios, trabalhadores e comprometidos com a população”, trouxe trecho da nota.
Ela afirma que apoia que o assunto seja apurado e levado ao MP (Ministério Público). “É grave uma denúncia que não cita nome. A Câmara conta com nove vereadores e com a declaração sem pontuar o eventual culpado, é como se todos fôssemos suspeitos. Em tempos em que a política está sendo mal vista, todos sofrem as consequências pelos eventuais maus exemplos”, finalizou.
HORTOLÂNDIA
Em 2016, o ex-vereador de Hortolândia Adaílton Sá foi afastado do mandato pelo TJ (Tribunal de Justiça) em investigação de enriquecimento ilícito, exatamente por exigir parte dos salários dos assessores.
O também ex-vereador de Hortolândia, Marcelo Ferrari da Silva, e seu ex-chefe de gabinete, Claudinei Sérgio dos Santos, foram condenados pela Justiça por reterem parte dos salários dos assessores que trabalhavam em seu gabinete. Uma dessas funcionárias ficava com R$ 500 de salário, de um total de R$ 3 mil.