sexta-feira, 3 maio 2024

Dispara procura por testes de Covid-19 nos laboratórios privados

A procura por exames de detecção do novo coronavírus em laboratórios privados disparou na região, depois do aumento do número de casos de Covid-19. A preocupação de justifica. O número de mortes cresceu, ao mesmo tempo em que foram afrouxadas as regras de isolamento social. Hoje, pelas estimativas apresentadas por profissionais do segmento, em pelo menos 20% dos pacientes que fazem o teste, o resultado é positivo. 

O que mais preocupa os gestores é que a contaminação pode ser muito maior do que os números divulgados. Pouca gente se testa. A maioria das pessoas resiste a pagar por um exame que, em alguns casos, passa da casa dos R$ 300. 

Os números oficiais refletem apenas os casos positivos de quem já estava internado ou em isolamento. 

O fato é que as ruas podem estar tomadas de cidadãos que portam o vírus e nem sabem, porque ainda são assintomáticos e podem até nem manifestar sintomas depois. 

“A quarentena fez despencar o número de todos os exames nos laboratórios. Muitos médicos deixaram de atender, e muita gente optou por adiar a consulta para não sair na rua”, afirma Danilo Salvador, gerente operacional do Pasteur, que na região mantêm laboratórios em Americana, Santa Bárbara, Nova Odessa, Limeira e Piracicaba. 

Com o noticiário preocupante sobre o aumento de mortes e a mudança de hábitos – muita gente começou a sair de casa – foi natural a procura maior pela testagem. Mas alguns dos seus principais fornecedores já avisaram que os testes começam a faltar. 

O próprio Pasteur, explica, agora opta pelo agendamento de coletas. Pelo menos 30 pessoas procuram o laboratório a cada dia para testar Covid-19. Mas o número cresce demais, por exemplo, quando uma empresa encomenda a testagem de todos os seus funcionários.

CAPRILAB | Notícia de contaminação aumenta a procura (Foto: Divulgação)

Para a biomédica Priscila Bortolozzo – do barbarense CapriLab – foi engano imaginar que a procura pelos testes ia diminuir com o tempo. Muito pelo contrário. Aumentou à medida em que as pessoas tomaram consciência de que a Covid-19 é uma doença grave. 

Priscila, que mantém o laboratório na movimentada Rua João Lino, explica que a procura foge do controle sempre que corre a notícia da contaminação de alguém conhecido. “A situação ficou alarmante: as pessoas ainda não se deram conta de como é perigoso marcar um churrasco ou participar de eventos fora de casa”, resumiu. 

Os exames oferecidos comercialmente hoje no Brasil para Covid-19 se dividem em dois universos. O primeiro são os chamados testes moleculares, que detectam a presença direta do vírus no organismo. O principal deles é o RT-PCR, ou PCR em tempo real, que usa amostras colhidas das vias respiratórias do paciente com uma espécie de cotonete. 

Foi com essa técnica, por exemplo, que médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, chegaram ao diagnóstico do primeiro paciente confirmado com Covid-19 no país, noticiado em 26 de fevereiro. 

É um exame apurado e preciso, mas que também exige estrutura física e tecnológica específica, além de reagentes importados – o que gerou uma corrida mundial pela compra desses insumos de testagem. E faltaram testes o mercado. 

Com a disseminação dos casos no Brasil, e considerando que o PCR não seria aplicado em massa por causa de complexidade e custo, surgiu o outro grupo de testes, a sorologia. Por meio de um exame de sangue, o laboratório analisa se o paciente teve contato com o novo coronavírus não pela presença do vírus, mas de anticorpos produzidos pelo organismo a partir do contato com ele. 

É um método mais barato e acessível, embora considerado de menor sensibilidade e especificidade. Entram também nesse grupo os chamados testes rápidos. A análise de anticorpos é feita com o sangue de uma “furadinha” na ponta do dedo. São ainda mais velozes – os resultados podem ser lidos em 15 minutos -, mas também mais imprecisos: a quantidade de falsos negativos é maior em comparação aos testes moleculares e exigem profissionais treinados para a interpretação dos resultados 

Importante saber é que as indicações são distintas. Os testes moleculares são indicados para identificar infecção ativa. Se a pessoa teve contato com o vírus há poucos dias e começou a apresentar sintomas, faz o teste molecular. 

Os testes sorológicos são mais indicados para apontar se a pessoa já teve contato com o vírus e se desenvolveu anticorpos. Os testes rápidos podem orientar as autoridades, por exemplo, no entendimento do alcance e da disseminação da doença entre a população. E eles são eficientes. Antes de serem distribuídos, todos passaram por análise pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde), da Fiocruz. 

SAIBA MAIS 

Nem todas as pessoas que têm infecção pelo novo coronavírus desenvolvem anticorpos detectáveis pelas metodologias disponíveis, principalmente aquelas que apresentam quadros com sintomas leves ou não apresentam nenhum sintoma. Desse modo, pode haver resultados negativos na sorologia mesmo em pessoas que tiveram Covid-19 confirmada por PCR, considerado o mais eficiente dos exames. Por conta disso, a orientação médica sobre o exame a ser feito considera o período entre a detecção dos sintomas. 

OS EXAMES DISPONÍVEIS 

Molecular  Padrão ouro, mais específico e sensível. Pesquisa o DNA do vírus. É mais caro. Custa em média R$ 360 no mercado.  

Sorologia  Pesquisa de anticorpos IgG por metodologia quimioluminescência. Não precisa da indicação médica. Custa em torno de R$ 250 no mercado, e precisa de receituário médico para uso do convênio.  

Teste rápido  Pesquisa de anticorpos IgG IgM por metodologia Imunocromatográfica. O valor é muito variado. Depende do laboratório fabricante e da demanda de momento. Pode ser tão caro quanto os outros testes. 

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