quarta-feira, 1 outubro 2025
BUSCA UM TRANSPLANTE

Família busca doador de medula para salvar a vida de Lorena de Sousa, de 9 anos

Saiba como se cadastrar para ser um doador
Por
Nicoly Maia

A vida de Lorena Cardoso Rosa de Sousa, de 9 anos, mudou completamente faltando uma semana para seu aniversário. Durante a festa do irmão mais novo, surgiram manchas pelo corpo que chamaram a atenção da família. Dias depois, veio o diagnóstico: aplasia medular, uma doença grave, que exige um transplante de medula óssea com urgência.

Tratamento
A família mora em Portugal há seis anos, mas a mãe de Lorena morou por muitos anos em nossa região. Os primeiros exames apontaram níveis críticos de plaquetas e glóbulos brancos. Desde então, a pequena Lorena passou por transfusões, internações e exames detalhados, como o mielograma, que confirmaram a gravidade do quadro.

“No domingo, dia do aniversário dela, levamos um bolinho, o irmão entrou rapidinho de máscara, deu um abraço, cantamos parabéns. No dia seguinte, já transferiram a gente para (a cidade) do Porto”, lembra a mãe, Natália Cardoso Rosa de Sousa.

Lorena aguarda por um transplante. Foto: Arquivo pessoal

Rotina de hospital
Em conversa no quarto, Lorena desabafou. “Outro dia, quando a minha mãe falou que eu não ia para a escola este ano, eu comecei a chorar. Eu não gosto de estar aqui. É ruim. Antes eu sabia fazer ginástica, agora fico só parada e já não consigo mais.”

Hoje, a Lorena está em isolamento. Os pais se revezam nos cuidados e só podem permanecer ao lado da filha usando máscara. Apesar das restrições, Lorena encontrou no desenho e nas brincadeiras uma forma de se distrair e aliviar o peso do tratamento.

Lorena, o irmão e os pais durante um passeio em família. Foto: Arquivo pessoal

A busca por um doador
Infelizmente o irmão mais novo não é compatível, o que torna fundamental a busca por doadores cadastrados no Redome, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. No Brasil, pessoas entre 18 e 35 anos, em bom estado de saúde, podem se cadastrar em hemocentros e hemonúcleos públicos. Basta doar uma pequena amostra de sangue e os dados ficam disponíveis em um banco nacional conectado a registros internacionais.

“Ela vai precisar mesmo de transplante. Não encontramos câncer, mas a medula dela não está produzindo. Funciona no mínimo, e a primeira opção, principalmente para criança, é o transplante”, conta a mãe.

Como funciona o Redome
O cadastro é aceito até os 35 anos, mas fica ativo até os 60. “Nosso trabalho é cruzar informações genéticas de doadores e pacientes. Quando existe compatibilidade, entramos em contato com o voluntário, o que pode ocorrer meses ou até anos depois do cadastro”, explica Dra. Danielli Oliveira, coordenadora do Redome.

O Redome inicia a busca pelo doador principalmente por meio de ligações e envio de mensagens. Se o doador estiver saudável e disposto, ele coleta uma nova amostra no hemocentro para o teste de confirmação. As informações são repassadas para a equipe médica do paciente. Uma vez confirmada a compatibilidade, é marcada a data do transplante.

Antes da doação, o voluntário passa por uma avaliação clínica detalhada. São realizados exames de sangue, consultas médicas e orientações sobre a forma de coleta, além de esclarecimentos sobre dúvidas práticas, como o tempo de afastamento do trabalho. Em alguns casos, o procedimento exige dois dias de internação hospitalar, em outros, não há necessidade. Todas essas etapas são discutidas com o doador até a definição do processo de coleta das células que podem salvar uma vida.

Campanha realizada para ajudar na doação. Foto: Arquivo pessoal

Do Brasil para Portugal
Como Lorena está em Portugal, a busca por doador é conduzida pelo registro português. “Esse registro pode acionar o banco de dados brasileiro se houver compatibilidade. Nesse caso, o Redome repassa as informações e, se a coleta for feita no Brasil, o registro português envia alguém para buscar o material e levar até Portugal”, esclarece Danielli.

Mobilização na região
Familiares de Lorena, que vivem em Rio Claro, organizaram mutirões de doação com apoio do Tiro de Guerra, levando voluntários até Piracicaba para se cadastrarem.

“Pode salvar não só a vida da Lorena, como de muitas crianças e adultos que estão precisando, seja com aplasia, leucemia ou outras doenças que exigem transplante de medula”, reforça a mãe, em apelo à comunidade.


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