sábado, 20 abril 2024

Flávio Bolsonaro expõe professora de Americana e polemiza

Uma professora de Americana foi acusada de doutrinação política após analisar charge do presidente Jair Bolsonaro em aula por videoconferência. O vídeo foi exposto nas redes sociais e compartilhado no sábado (16) pelo filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro, que acusou a professora de doutrinação e pediu para que compartilhassem o vídeo. O filho da professora saiu em defesa dela em rede social. 

“#COMPARTILHE. “Não há doutrinação nas escolas, e coisa da sua cabeça”. 

ASSISTA E TIRE SUAS PROPRIAS CONCLUSOES”, postou Flávio. 

https://www.facebook.com/flaviobolsonaro/videos/341553620153312/

Na página do filho do presidente, a publicação tinha até a tarde de ontem 8,4 mil curtidas e 4,6 mil compartilhamentos. 

O vídeo capta o momento em que a professora Noemy Lahr, que leciona em Americana há 30 anos, analisa durante aula uma charge de Jair Bolsonaro sendo esmagado pelo coronavírus, com os dizeres “e agora, Jair? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora Jair?”. 

A professora pergunta aos alunos porque o chargista desenhou o presidente “tão pequeninho e o vírus bem grande”. 

Ela busca que os alunos compreendam a charge, ressaltando que Bolsonaro não tem apoiado nem a quarentena. “Vamos pensar um pouquinho além, por que será? O que acontece com ele politicamente?”, questiona. 

Uma aluna responde: “porque ele está perdendo poder e o coronavírus aumentou muito”. E Noemy confirma. “Isso, ele está perdendo poder político. Quando ele não soube enfrentar o coronavírus, ele perdeu poder. Ele usou as armas erradas, até o momento podemos afirmar que ele está equivocado na guerra contra o coronavírus”, explica a professora. 

Noemy é professora de português e leciona no colégio Antares. A atividade em questão foi para alunos de quinto e sexto anos, de interpretação de charges, na qual as crianças são estimuladas a interpretar a mensagem que a ilustração passa. 

Diversos professores e moradores de Americana saíram em defesa da professora nas redes sociais, criticando a exposição indevida da aula e a atitude de quem filmou e compartilhou a aula e de Flávio Bolsonaro. 

Mensagens de apoio foram enviadas a Noemy. 

O filho dela, Lucas Lahr, usou o Facebook domingo (17) para desabafar. Lucas contou que a mãe interpreta charges de diversos assuntos em suas aulas há anos, para estimular a capacidade de interpretação das crianças, e não tem a intenção de influenciar politicamente os alunos a esse ou aquele político/partido. 

“O que ocorre é que minha mãe está sendo vítima de uma exposição em redes sociais a nível nacional, que iniciou após um pai de aluno gravar um trecho da aula online dela sem autorização prévia e divulgar nas redes sociais, insinuando que ali houvesse uma doutrinação política”, apontou. 

Ele relata que a publicação de Flavio “expôs de forma covarde o vídeo em suas redes sociais, gerando grande repercussão. O nome disso é censura e mostra os tempos sombrios que estamos vivendo. Abre precedentes para que aulas de outros professores também sejam gravadas sem sua autorização, e censuradas, prejudicando os profissionais da educação, os alunos e a educação brasileira democrática”, escreveu. 

Lucas conta que a família consultou especialistas que afirmam que a professora é vítima de crime digital. “As medidas cabíveis serão tomadas”, afirmou. 

A reportagem entrou em contato com Noemy e Lucas, mas ambos não quiseram dar entrevista. O TodoDia não conseguiu contato com um representante do colégio ontem à noite para comentar o assunto. 

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