quarta-feira, 24 abril 2024

Ibam aponta falhas em projeto de subsídio

Parecer emitido pelo Ibam (Instituto Brasileiro de Administração Municipal) apontou uma série de falhas no projeto de lei que criou subsídio mensal de até R$ 150 mil para a concessionária de transporte público municipal, aprovado no mês passado pela Câmara como parte de um acordo com a empresa Sancetur para congelar o valor da passagem até o fim da pandemia. A prefeitura defende que não há irregularidades.

O documento foi elaborado pelo instituto após solicitação feita pelo vereador Gualter Amado (Republicanos). O Ibam é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1952, com sede no Rio de Janeiro, que busca promover o desenvolvimento institucional da Administração Pública. O parecer é assinado pela consultora técnica Júlia Alexim Nunes da Silva e aprovado pelo consultor jurídico Marcus Alonso Ribeiro Neves.

Com base na análise do projeto de autoria da prefeitura, aprovado em sessão extraordinária realizada dia 14 de março pela Câmara, o Ibam apontou que, pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), as concessões de subsídios de qualquer natureza devem ser autorizadas por meio de lei exclusiva para isso, ou seja, o mesmo projeto não pode tratar de nenhum outro tema.

O projeto em questão, no entanto, tratava também da não obrigatoriedade de o transporte contar com cobradores e de abertura de crédito orçamentário adicional para comportar a concessão do subsídio – o que também precisaria de projeto de lei próprio e que deveria ser aprovado antes do projeto do subsídio.

Além disso, o Ibam aponta que o projeto falha em não especificar o valor exato do benefício a ser concedido e nem o período de vigência.

“A autorização legislativa para concessão de subvenção não pode ser disposição genérica que autoriza o Poder Executivo a, mensalmente, conceder subsídios variados, respeitando apenas um teto de R$ 150.000. A lei deve prever o exato subsídio que será concedido e o período de tempo durante o qual o subsídio poderá ser pago a empresas concessionárias de serviço de transporte”, traz o documento.

O parecer técnico critica ainda as justificativas da prefeitura para conceder o benefício. “A justificativa do projeto de lei é genérica, não aponta os motivos específicos que amparam a concessão do subsídio, não indicam os motivos para que o subsídio seja concedido até o valor limite estabelecido em lei, logo, não demonstra a existência de interesse público na concessão da subvenção”, aponta o Ibam.

Crítico ao subsídio na sessão na qual o projeto foi aprovado, o vereador Gualter explicou que solicitou o parecer com objetivo de ter um olhar técnico e especializado sobre o tema antes de tomar alguma medida relacionada ao caso.

“Foram vários erros em uma lei aprovada a toque de caixa. Baseado nisso, já mandamos para o Ministério Público, que já está avaliando todo o processo licitatório, que fizemos denúncia de possível direcionamento. É um erro grosseiro, primário, de fazer como foi feito. O parecer do Ibam é claro, o projeto é totalmente irregular”, afirmou o parlamentar.

Questionada sobre as afirmações do parecer – disponibilizado na íntegra pela reportagem – a Prefeitura de Americana disse que “não recebeu do parlamentar qualquer estudo e entende ter agido de maneira correta em relação à Legislação”.

Em coletiva na sexta, o prefeito Chico Sardelli (PV) disse que ainda não havia definição sobre o valor do subsídio, mas que ficaria abaixo do teto estipulado pelo projeto.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também