Monique Matsui nem se lembra quando foi a primeira vez que esteve com a mãe na loja da família, em Santa bárbara d’Oeste, já que desde bebê acompanhava a comerciante Neuza Matsui no trabalho.
A história dela acaba se confundindo com a do próprio negócio, assim como as peças e artigos infantis do estabelecimento estavam entre os brinquedos favoritos da menina e os corredores do lugar se transformavam em um verdadeiro playground. Ela conta que, ainda pequena, uma das brincadeiras favoritas era dobrar as roupinhas para bebê vendidas na loja e guardá-las nas prateleiras, que ficam atrás do balcão.
“Como a minha mãe e os meus tios são donos de loja, essa sempre foi a brincadeira tanto minha quanto dos meus primos”, diz.
Foi dessa maneira que Monique, hoje com 31 anos, começou a trabalhar: brincando. Embalando para presente os produtos comercializados pela mãe e, como consequência, garantindo o dinheiro para o sorvete do final do dia.
“Pelo que me lembro, eu deveria ter uns 12 anos quando pedia para vir ajudar na loja e minha mãe falava para fazer uma coisa ou outra, ficava animada, cumpria a tarefa e no fim ela me dava algum valor para gastar como quisesse”, recorda.
Já Neuza, acostumada a orientar outras mães a escolher o que os filhos iriam vestir, conta que planejou a chegada de Monique por cinco anos e ter a filha como colega de trabalho acabou acontecendo naturalmente.
“Ela é jovem e se tornou uma mulher com maturidade e muito responsável com o trabalho. Acredito que a base de tudo é o amor. Amor e oração de mãe arrebenta as portas do céu para que tudo de melhor aconteça aos filhos”, diz emocionada.
Monique cresceu e se formou em design de moda, além de se especializar em varejo e atualmente passa a maior parte do dia em observando a mãe trabalhar e atuando ao lado dela.
“A gente se ouve e se ajuda muito. Eu fico mais na parte administrativa enquanto ela recebe os clientes, o que faz muito bem”, afirma.
História construída há três gerações
Neuza Matsui é filha de imigrantes japoneses e há cerca de 40 anos trabalha com o comércio na região. Ela conta que Monique faz parte da terceira geração que atua no segmento, já que foram os pais que começaram o negócio.
A comerciante comenta que ter mantido a filha Monique ao seu lado no negócio desde pequena, colaborou para que a formasse como uma adulta da qual se orgulha, tanto na vida quanto no trabalho.
Monique, por sua vez, vê na mãe a conselheira que a estimula a tomar decisões corretas em situações difíceis. “As vezes estou preocupada com alguma coisa e com toda a sabedoria dela, ela me diz ‘calma’ e aponta uma solução.”
As duas contam que nesses anos, alguns momentos colaboraram a fortalecer ainda mais a relação que mantêm. Um deles foi durante a pandemia de covid-19, quando se viram apenas mãe e filha, cuidando dos negócios e até auxiliando outras mães em um período de incertezas. “Tivemos que dispensar os funcionários e tinha dia que fazíamos as refeições na loja mesmo. Eram as duas correndo dos fundos até a porta da loja para atender alguma mãe que precisava de algum item com urgência naquele momento difícil”, lembra Monique.
“A maternidade é maravilhosa. É uma realização ver até onde chegamos”, diz Neuza.
Mesmo com todo o tempo que passam juntas no trabalho, ainda há disposição para manter uma relação próxima também fora do estabelecimento. No entanto, há uma regra: não é permitido falar de negócios.
“Almoçamos juntas no domingo e neste não será diferente. Já está tudo programado. O presente dela já está comprado”, diz Monique, quando Neuza completa: “O dela também. Faço questão de dar presente pra ela todo dia das mães, porque se sou mãe hoje é por causa dela”, diz.