segunda-feira, 6 maio 2024

Morte de gaviões intriga moradores do Jardim Glória, em Americana

As mortes de pelo menos 11 gaviões carijós, em um período de cinco anos, intrigam e causam indignação entre moradores da região do Jardim Glória, nas proximidades do Parque Ecológico de Americana. Vários dos casos foram comunicados oficialmente às autoridades de segurança, com registros na Polícia Civil e Gama (Guarda Armada Municipal de Americana), segundo moradores e também foram pedidas providências junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas até agora faltam respostas. Temendo retaliações, autores das denúncias que inclusive documentaram com fotos algumas das aves mortas pediram a preservação de suas identidades.

De 11 casos que tomaram conhecimento, as fontes dizem que um foi em 2014, outro em 2015 e a situação piorou entre 2016 e 2019, com as ocorrências de nove mortes das aves, sendo que o mais recente foi registrado no dia 17 de março. Já mortos ou gravemente feridos, noves dos gaviões caíram no quintal de uma mesma casa e outras duas no imóvel vizinho, sendo que uma das aves ficou presa à torre de antena, morrendo após o resgate.

Uma moradora disse que a maioria dos gaviões apresentava ferimentos com fraturas, aparentando terem sido atingidos por tiros de armas de chumbinho. A mesma fonte diz que outras aparentavam sintomas de envenenamento. “As que caíram no meu quintal tinham as asas feridas, com ossos expostos, ferimento causado aparentemente por chumbinho”, diz a moradora. Ela acrescenta que outras tinham os bicos totalmente roxos, com sinais de envenenamento.

Ela diz que a região do Jardim Glória, onde mora, está próxima da rota de alimentação dos gaviões, que viriam atrás roedores, cobras, calangos ou mesmo de filhotes em ninhos que outras aves fazem no Parque Ecológico de Americana. Ela não descarta que os gaviões carijós, que são aves de rapina, sejam atraídos ainda pelas calopsitas, pequenas aves comumente criadas domesticamente.

A mulher acrescenta que a Polícia esteve uma vez para fazer um boletim de ocorrência em sua casa, em 2018, e após isso, ele nunca teve retorno. Ela diz que nenhuma das aves que caíram em seu quintal sobreviveram, mesmo pagando veterinário particular para cuidar. A moradora acrescenta que sempre foi bem recebida no Parque Ecológico. “Eles recolhem as aves, as vivas eles cuidaram, mas infelizmente foram a óbito. As já sem vida recolhem para fazer descarte correto para não correr risco de poluição do solo e consequentemente lençol freático”, disse.

Em resumo, ela diz que os moradores querem mesmo é saber como e porque os gaviões estão sendo mortos e não descarta que as aves de rapina estejam virando “alvo” de alguns atiradores, que usam pistolas de chumbinho ou de Air Soft literalmente como forma de “diversão”. Em relação às mortes que aparentavam envenenamento, a mulher diz que questionou a Secretaria Ambiental da cidade, dizendo que, se não for por veneno, a morte então pode ser por doença, algo que implicaria em problemas de zoonoses, de saúde pública, algo mais perigoso ainda. “Nem assim fomos atendidos, pedimos necropsia ao Centro de Zoonoses, mas o pedido foi negado”, finalizou.

Aves feridas são tratadas no Zoo

Em nota, a Prefeitura de Americana disse que o Parque Ecológico desconhece essas mortes misteriosas e os gaviões recebidos pelo parque são aves feridas (frequentemente asas quebradas), que são atendidas pelos veterinários do local. Quando recuperadas, são devolvidas à natureza. Caso contrário, permanecem no Parque. No momento, o Parque Ecológico abriga oito gaviões. Em 2019, o local ainda não recebeu nenhum gavião.

De acordo com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), quando se trata de animal silvestre, todo caso em que ocorre suspeita de morte causada por humanos (maus tratos) deve ser registrado um boletim de ocorrência por crime contra a fauna. Atualmente, existe a possibilidade de o boletim ser registrado online, por meio da Delegacia Eletrônica de Proteção Animal.

Após as investigações, caso exista suspeita de alguma doença transmissível, os órgãos responsáveis são acionados e medidas de controle e monitoramento são estabelecidas. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo tem sido questionada desde o dia 18 de março para informar se algum caso foi investigado pela Polícia Civil ou encaminhado para a Polícia Militar Ambiental, já que os maus tratos são contra animais da fauna silvestre, mas até o fechamento dessa edição não foram enviadas respostas aos questionamentos da reportagem.

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