sábado, 15 novembro 2025

MP investiga oscilação de energia no Monte Verde

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) investiga o motivo da energia estar oscilando há 21 dias seguidos no bairro Monte Verde, na região do pós-represa de Salto Grande, em Americana. O órgão cogita intervenção e cobrou medida da CPFL. Segundo o órgão, o assunto deve ter desdobramentos semana que vem.
Os moradores do bairro, onde vivem cerca de 1.500 famílias, aguardam e cobram a regularização do local e da infraestrutura. A prefeitura havia dito que em 12 de fevereiro faria reunião para definir as situações das áreas que precisam de regularização no município. Há tempos os moradores relatam que falta água, energia, saneamento básico e transporte público.
Nas últimas duas semanas, a situação se agravou ainda mais. A costureira Sandra Ferreira, 48, uma das porta-vozes dos problemas dos moradores, procurou o TODODIA para revelar que o fornecimento energia piorou desde o dia 19 de fevereiro, quando foi feito protocolo na CPFL. “Afetou quase todos moradores, pelo menos mil famílias estão passando por essa situação difícil”.
A energia começou a oscilar diariamente no bairro, queimando, segundo moradores, geladeiras e televisões. “Muitos ficaram sem alimentação, sem água, que é de poço e não tem energia para a bomba funcionar. Os poços são artesianos, não dá para puxar com balde. Pedimos ajuda para os vereadores, só promessa. Existe mesmo a lei luz para todos?”, questiona Sandra.
A costureira diz que nestas duas últimas semanas a situação ficou “bem mais crítica” no Monte Verde. “As pessoas estão sem saber o que fazer. Ninguém vai resolver? A gente pede ajuda para todo mundo e ninguém vem”.
Ela conta que o comércio local foi afetado. “Tem comerciante vendendo o que pode para pagar prejuízos, estragou tudo que iam fazer para vender. A energia vai e volta, não segura a geladeira para manter os alimentos”.
Sandra criticou a CPFL. “Devia sentir na pele. Como não estão aqui, para eles tanto faz. Para quem está aqui é muito difícil. Sem energia, sem geladeira, sem água, no calor danado que está. Como a gente vive? Deviam se por no nosso lugar”, desabafou.
A costureira voltou a frisar que o local foi ocupado, mas que os moradores buscam a regularização. “Estamos atrás dos nossos direitos, queremos regularizar, pagar tudo certinho. Deviam olhar para a gente com mais carinho. Na favela que eu morava em São Paulo, a gente era bem tratado. Aqui em Americana é bem diferente”.
O MP informou em nota que vislumbra ser um caso urgente, “uma vez que o fornecimento de energia elétrica acaba por refletir na conservação de alimentos, na saúde e no bem-estar das pessoas. A Promotoria irá apurar para ver se é caso de intervenção”, aponta.
O órgão destaca que vai apurar qual a forma mais adequada dessa possível intervenção, “uma vez que o bairro Monte Verde é objeto de regularização fundiária com processo instaurado em Americana”.
O MP acompanha o caso por meio do Procedimento Administrativo de Acompanhamento, que tem por objeto “acompanhar políticas públicas de regularização fundiária pelo município de Americana”.
Ainda na nota, o MP revelou que será expedido ofício à CPFL “cobrando uma solução para a situação bem como agendada uma reunião”.

EMPURRA

Em 11 de fevereiro, quando o TODODIA mostrou a reivindicação de regularização de infraestrutra no bairro, a prefeitura respondeu que o Monte Verde “será objeto de regularização pela Lei do Reurb (Regularização fundiária Urbana), quando serão definidas todas as questões com relação às responsabilidades de implantação de infraestrutura, bem como a regularização dos terrenos”.
Segundo o Executivo, reunião estava marcada com a equipe do Reurb para 12 de fevereiro, “para traçarmos o planejamento de 2021 para as regularizações fundiárias”.
A reportagem questionou o Executivo sobre os resultados da reunião diversas vezes, sem resposta. Também foi perguntado sobre a situação da energia oscilando há 15 dias. Em nota, o Executivo disse que “não cabe ao município cuidar do abastecimento de energia”.
Em nota, a CPFL disse que “depende da regularização das ocupações irregulares presentes no local, por parte da Prefeitura de Americana”.
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