sábado, 27 abril 2024

Na região, só Perugini ‘vence’ nulos, brancos e abstenções

Em uma das eleições mais atípicas da história, a somatória de eleitores ausentes no pleito e dos votos em branco e nulos “venceu” a disputa em quatro das cinco cidades da região. Apenas o prefeito reeleito de Hortolândia, Ângelo Perugini (PSD), conseguiu receber mais votos que a soma de quem preferiu não escolher seus governantes pelos próximos quatro anos. 

A abstenção – quando o eleitor não comparece para votar – foi recorde neste ano na região. A média foi de 25% de ausência, frente a 19% em anos anteriores. Além disso, também foi alto o número de eleitores que compareceram aos locais de votação, mas anularam os votos ou votaram em branco. A média na região foi de que a cada dez eleitores, três deixaram de escolher alguém. 

Mas os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vão além, e mostram que quatro dos cinco prefeitos eleitos na região tiveram votação menor que a soma entre abstenção, brancos e nulos. 

Em Americana, Chico Sardelli (PV) recebeu 40.014 votos, enquanto a soma dos eleitores que não escolheram ninguém foi de 63.731. O montante se aproxima da soma dos votos de Chico e Maria Giovana (PDT), segunda colocada no pleito, que recebeu 29 mil votos. 

Santa Bárbara d’Oeste também registrou uma grande diferença entre a votação do prefeito eleito e o total de eleitores que abriram mão de escolher alguém. Rafael Piovezan (PV) somou 39.519 votos, enquanto votos em branco, nulos e abstenções somaram 51.630. 

Leitinho (PSD), em Nova Odessa, “perdeu” por uma diferença de cerca de 4 mil votos: somou 12.071, enquanto os ausentes, brancos e nulos somaram 16.056. Nessas três cidades, não havia candidatos à reeleição. 

Em Sumaré, onde Luiz Dalben (Cidadania) foi reeleito com votação recorde de 67.571 votos, nem mesmo a expressiva vitória foi suficiente para ganhar da soma de abstenções, votos em branco e anulados: 69.351. 

HORTOLÂNDIA 

Nesse cenário regional, apenas o experiente Ângelo Perugini (PSD) conseguiu a façanha, ainda que por pouco. Reeleito para seu quarto mandato à frente da Prefeitura de Hortolândia, ele somou 53.225 votos, enquanto os eleitores que deixaram de escolher alguém foram 51.795 na cidade. 

Na análise do prefeito, a grande abstenção deste ano tem mais a ver com a descrença de boa parte da população na política, diante de tantos escândalos e crises em âmbito nacional, além é claro da pandemia, que afastou muitas pessoas das seções de votação. 

Para conseguir a boa votação e fazer a população sair de casa para votar, Perugini citou que a estratégia dos concorrentes pode ter ajudado. 

“Meus oponentes fizeram uma campanha muito forte ‘pra tirar o Perugini e colocar outro’. As pessoas vendo os outros falando mal de mim, e ao mesmo tempo um governo com 70% de aprovação, pensaram: gostamos desse governo, não podemos deixar ele sair. As pessoas começaram a tomar a campanha para si. Quem fez a minha campanha foram as pessoas que gostam de mim, foi o próprio povo, e isso é muito forte”, afirmou o prefeito. 

PEDETISTA DIZ QUE ATUAL MANDATO FOI MAIS DIFÍCIL  

Mesmo tendo se desligado do PT em 2016, quando foi para o PDT e venceu as eleições municipais para assumir seu terceiro mandato como prefeito de Hortolândia, Ângelo Perugini afirmou nesta semana que governar a cidade durante a “era PT” foi mais fácil do que o atual mandato, iniciado em 2017, logo após a derrubada de Dilma Rousseff (PT) da presidência. 

O prefeito citou que em seus dois primeiros governos, de 2005 a 2012, existia a chamada “normalidade democrática”. “Todo governo tem diferença, mas esse aqui não teve nada a ver com os outros. Nos outros, a economia estava pujante, com clima político ameno no país”, relatou. 

Perugini disse que, desde a queda de Dilma, a situação do país se complicou e isso refletiu nos municípios. 

“De 2017 pra cá, com o poder das redes sociais, esse ranço entre partidos e a crise que tem vivido o Brasil fizeram esse governo ser totalmente diferente. Foi difícil, sem recursos, perdemos receita demais, não tinha saldo de caixa, trabalhando no limite. Se eu fosse prefeito de primeira viagem agora, teria sido um desastre, mas a experiência ajudou muito pra saber ter relação política com o Estado. Foram três governadores nesse período e dois presidentes. Tive que me relacionar com um leque de pensamentos diferentes”, afirmou. 

A declaração foi feita em comparação com os dois primeiros governos, no qual a boa relação com o então presidente Lula facilitou a gestão municipal, em uma cidade historicamente marcada por ser um reduto do PT no Estado.  

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