Apesar de toda a dificuldade vivida pela família, a alegria das crianças é o que ajuda a jovem mãe a enfrentar as adversidades do dia a dia
Nesta quarta-feira, dia 08 de março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher, a equipe da Rede TODODIA este na cidade de Nova Odessa para conhecer a história de Natana Kemboly Gonçalves da Silva e de seu filho especial Noah.
A data refere-se à luta das mulheres por direitos e por igualdade, e basicamente é esse o caso de Natana, uma jovem de 28 anos de idade, separada, desempregada, mãe de três crianças, sendo duas meninas com sete e dois anos, e de um menino, com quatro anos de idade, o Noah, que é diagnosticado com autismo e esquizofrenia, devidamente laudado.
Como é de se imaginar a vida da família de Natana não é nada fácil, é feita de muitas grandes lutas diárias e pequenas vitórias. Desempregada há bastante tempo e sem parentes na região – sua família vive toda em Tocantins – ela conta apenas com o apoio da mãe, uma senhora idosa que trabalha como diarista para pagar o aluguel.
Outro recurso que Natana tem é o Bolsa Família, que lhe confere pouco R$ 600 e é todo utilizado para a compra de parte dos produtos que Noah precisa, mas não cobre as necessidades básicas de toda a família, precisando também da ajuda de conhecidos e de desconhecidos que algumas vezes doam roupas para as crianças e até mesmo cesta básica.
Apesar de toda a dificuldade vivida pela família, a alegria das crianças é o que ajuda a jovem mãe a enfrentar as adversidades do dia a dia. “É muito difícil para mim, enquanto mãe, ver o desejo de meus filhos por uma comida diferente e não poder dar. Ver uma roupinha bonita e desviar o olhar porque eu não tenho condições. Como mãe, isso me corrói de tristeza e eu tenho que explicar para eles que eu não tenho condições, mas que eu vou conseguir um dia para eles”, lamenta.
Autismo
Diferentemente do que muitas pessoas pensam, o autismo não é uma doença. Trata-se de uma condição neurológica diversa, ou seja, o cérebro da pessoa, ainda na sua formação no ventre materno, por alguma razão ainda desconhecida pela ciência, realiza uma série de ligações neuronais diferente do que seria o “padrão”. Em razão disso, uma série de comorbidades também podem estar associadas, no caso do Noah, a esquizofrenia.
Voltando a falar sobre o autismo, hoje, pelo DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Revisão), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é classificado quanto ao seu grau de acometimento de habilidades sociais, cognitivas, dificuldades de comunicação e comportamento. Assim, seu grau pode ser leve, moderado ou severo; contudo, mesmo nos quadros leves, não quer dizer que os desafios para a criança e sua família sejam fáceis de lidar. Infelizmente ainda há muitas pessoas que pensam que autismo seja sinônimo de criança birrenta ou mal-educada. Não é essa a realidade.
A criança autista tem dificuldades de interagir com outras crianças, ficando isolada e não participando das brincadeiras ou mesmo criando vínculos de amizade, e também tem outras características, como:
- Apresentar comportamento repetitivo, como balançar-se, ficar girando, etc.;
- Pode apresentar ecolalia, ou seja, falar com repetição de palavras como se estivesse falando dentro de uma caverna – quando ouve-se o eco da sua fala;
- Tem resistência ao toque de outras pessoas;
- A criança tem preferência por objetos que não causam interesse em outras pessoas;
- Brinca de maneira diferente;
- Pode apresentar atraso na fala ou ter seletividade na comunicação;
- Não tem uma boa teoria da mente, ou seja, não sabe interpretar emoções e sinais corporais;
- Precisa viver dentro de uma rotina preestabelecida, sendo que a mudança dessas rotinas pode gerar muito sofrimento e desencadear surtos;
- Ambientes muito iluminados, com muitos estímulos sonoros, com muitas pessoas, etc., tudo isso podem desencadear surtos em que a criança entra em completo desespero, grita e se agride;
- Além de outras características.
Há também a condição de que em alguns casos o autista pode também apresentar um comprometimento cognitivo, ou seja, ter dificuldade em aprender. Contudo, todas essas características são possíveis de serem tratadas através de terapias, tais como ABA (Applied Behavior Analysis ou Análise Comportamental Aplicada, em uma tradução livre) – essa é a mais utilizada no tratamento do autismo, mas também tem o método Denver, TEACCH (Tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios correlatos da comunicação) e o método PECS (Sistema de Comunicação Através da Troca de Figuras).Cada qual tem suas características e a indicação de uma ou outra vai de caso a caso. Não existem dois autistas iguais no mundo.
Além das terapias com um neuropsicopedagogo especialista, há também a necessidade de acompanhamentos com psicólogos, em alguns casos com fonoaudiólogos e também com um neuropediatra para que a evolução da criança durante todo o processo terapêutico seja analisado e possa sofrer as adequações que forem necessárias.
Também pode ser preciso o acompanhamento por um médico psiquiatra, para o caso de haver a necessidade de interações medicamentosas, para controlar uma ansiedade, um surto de agressividade, manutenção do foco nas atividades, controle de convulsões. Tudo isso deve ser observado.
Algumas crianças autistas também tem o hábito da coprofagia, que significa que elas comem o próprio cocô. E para se evitar que isso aconteça, além de se fazer o uso de fraldas, a terapia por meio de uma das metodologias acima, em especial a ABA, se faz necessário para que a criança aprenda a ter comportamentos básicos, como fazer sua higiene corporal, aprender a vestir-se, a falar, dentre outras coisas que são tão normais para uma criança não-autista, mas que ela precisa de uma atenção toda especial.
Há também a seletividade alimentar, ou seja, a criança autista tem restrições alimentares, não tendo o consumo de muitos ingredientes que são normais e corriqueiros de crianças neurotípicas.
Geralmente, seu gosto peculiar é para alimentos que costumam ser mais caros e difíceis de serem comprados, sem dizer que pode haver a necessidade de suplementação vitamínica, justamente por não se comer de tudo, como uma criança comum. E a ausência dessa suplementação pode comprometer o desenvolvimento neurológico e físico.
Dificuldades financeiras
Como apresentado no início da reportagem, Natana está desempregada e o único apoio financeiro que possui é o de sua mãe, que é diarista e ajuda com o pagamento do aluguel, mas não sobra muito para a realização da despesa de supermercado. Ela também recebe o Bolsa Família, que lhe garantem R$ 600 mensais, que são utilizados para a compra os itens necessários para o pequeno Noah, como fraldas e o remédio para o controle dos surtos, que custa aproximadamente R$ 400.
A família consegue, algumas vezes, a doação de cestas básicas através do Fundo Social de Nova Odessa, mas que não são suficientes para alimentar as crianças cobrindo a necessidade de proteínas e calorias diárias que elas necessitam para o seu desenvolvimento normal. Há também a dificuldade com as roupas para as crianças.
“Eu costumo pedir para as pessoas que tenham filhos pequenos e que tenham roupinhas em boas condições, mas que elas não usem mais, para doar. Infelizmente, não tenho recursos para a compra das roupas por estar desempregada e eu sou sozinha. Dependo da solidariedade das pessoas”, desabafou Natana.
Pedido de emprego e vaquinha
A mãe de Noah está com uma página no site Vakinha para levantar a quantia necessária para assegurar um ano de tratamento e cuidados para o Noah. É estimado o valor de R$ 2 mil mensais, que totalizam R$ 24 mil. Para Natana e sua mãe, conseguir esse valor sozinhas é praticamente impossível, por isso ela precisa da ajuda e solidariedade sua, com qualquer valor.
Natana está em busca de um emprego para conseguir manter a sua família sem precisar da ajuda das pessoas. Ela tem experiência em atendimento a clientes, rotinas administrativas, mas precisa preferencialmente que o emprego seja no período noturno, para que a avó possa cuidar de Noah à noite e ela cuide do filho durante o dia.
“Tudo o que eu mais quero no mundo é uma oportunidade de emprego para poder sustentar a minha família sozinha, sem precisar da ajuda de mais ninguém. Tenho experiência na área de atendimento, já trabalhei em lojas, em supermercados, sou capaz de aprender novas funções e me dedico muito em tudo o que eu faço. Se for possível, eu gostaria de trabalhar no horário noturno, para que minha mãe possa revezar comigo no cuidado do Noah”, finalizou a mãe.
Serviço
Para doar para Natana e Noah, acesse: https://www.vakinha.com.br/3555430
Ou se preferir, faça uma doação de qualquer valor para o PIX: 3555430@vakinha.com.br
Se houver uma vaga de trabalho, entre em contato através do telefone/whatsapp: (19) 98935-9437