segunda-feira, 10 fevereiro 2025

Novo aumento do combustível deixa motoristas autônomos desolados

Taxistas, caminhoneiros e motoboys falam em desistir do “ganha-pão” 

LUCRO ZERO | O taxista Luiz Vicente Galhardo, de Americana, diz que vai ter prejuízo (Foto: Luciano Assis / TodoDia Imagem)

Um duro golpe. Assim pode ser descrito o anúncio de aumento feito pela Petrobras na última quinta-feira, que deixou a gasolina ao menos 18,7% mais cara na bomba e fez o diesel bater os 24,9% de reajuste. Em Americana, muita gente que trabalha com transporte ou entregas, já fala em desistir e buscar outras formas de ganhar a vida.

“Hoje, está inviável trabalhar com qualquer meio de transporte. O combustível já responde por 60% de qualquer frete, isso torna impossível obter qualquer lucro”, lamenta César Augusto de Medeiros, de 55 anos, caminhoneiro da cidade de Ribeirão Preto, que na última sexta-feira fazia uma entrega de tecidos em Americana.

Ele é um dos muitos profissionais da área que já não sabe como será o futuro da profissão. “Esse aumento de ontem (quinta-feira) foi uma pancada, uma pá de cal. Acho que vou vender sorvete na rua. E isso não é exagero, estou realmente pensando nisso”, prevê José Carmo Pereira, de 66 anos. Ele enfrentou uma longa fila para abastecer seu caminhão na noite de quinta, mas já não sabia como iria voltar a completar o tanque neste final de semana.

Geralmente, o maior peso desses aumentos recai sobre os profissionais autônomos. Dono de uma van que usa para fretes pelo estado de São Paulo, Marcelo Dinis, de 61 anos, lembra que há pelos menos três anos as coisas andam difíceis para quem depende de combustível para trabalhar. “As grandes transportadoras conseguem se dar melhor, repassar esse valor no frete, têm poder de negociação. Nós, pequenos, não temos como sobreviver”, pondera.

ENTREGAS
Quem só circula pelos municípios também não enxerga futuro a médio prazo caso os combustíveis continuem a subir. Entregar de aplicativo, Josivan Bahia, de 33 anos, está há dois anos na função, e afirma com toda convicção que esse é o pior momento que já viveu. “Não é só a gasolina que explodiu em aumento, é tudo. No mês passado troquei um pneu e paguei R$ 320. No ano passado tinha trocado o outro e tinha pago R$ 210”, compara.

Taxista já há 47 anos no Centro de Americana, Luiz Vicente Galhardo, de 71 anos, tem a mesma impressão de piora em todos os aspectos. Hoje, ele vive de sua aposentadoria, já que o táxi não lhe dá mais lucro há um bom tempo. “Desde o advento do Uber a vida piorou muito para os taxistas. Agora essa disparada nos preços da gasolina, mesclado com crise de tudo quanto é lado, está tudo inviável”.

Quem também sente a crise são os próprios donos de postos, que vê a cada dia as pessoas colocarem menores valores de suas bombas. “Aumento é ruim para todo mundo. Completar o tanque é algo raro hoje”, observa Francisco Carlos, gerente de um posto na Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304). 

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