Um homem de 52 anos, morador de Sumaré, morreu internado na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Macarenko na noite de domingo (7) aguardando a transferência para uma vaga de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Antonio Carlos Colin estava com Covid-19 e ficou uma semana na fila para ser transferido, segundo a família, mas não resistiu. O enterro foi realizado ontem.
Além de Antonio, outras cinco pessoas da mesma família foram infectadas, mas somente Antonio precisou de internação na UTI. A filha dele, Jéssica Colin, relatou a busca por uma vaga nas redes sociais ao longo da semana passada. Em um vídeo, ela relatou que o pai foi internado no sábado (27) e apresentou piora no quadro no domingo (28), quando a equipe da UPA fez o pedido de vaga de UTI à Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde).
No depoimento, Jéssica relatou a busca da família por vagas em hospitais públicos e até privados. Os familiares chegaram a acionar o Ministério Público para buscar na Justiça uma ordem para que Antonio fosse transferido. Enquanto isso, seu quadro apenas piorou na UPA.
Ainda no vídeo, Jéssica faz um apelo para que seus amigos e seguidores nas redes sociais levassem a pandemia a sério e não acreditassem em informações falsas sobre o tema. Após a morte do pai, ela fez uma publicação informando o falecimento e também concedeu entrevista à EPTV, rede filiada à TV Globo, onde reforçou o apelo.
“(A saúde) está entrando em colapso, as pessoas não vão conseguir mais atendimento daqui a pouco, não só UTI, mas um atendimento básico. É um pesadelo, e as pessoas precisam entender que isso é sério”, disse Jéssica.
A reportagem do TODODIA questionou a Prefeitura de Sumaré sobre o caso. Em nota, o Executivo disse que os pacientes “com sintomas graves em decorrência da Covid-19 são transferidos por meio da liberação de vagas da Cross” e que mesmo com ação judicial, as vagas são liberadas pela central.
O município afirmou ainda que “a estabilização clínica depende da reação de cada paciente ao tratamento e isso não impede sua transferência e que “a liberação da vaga, dos pacientes cadastrados, é feita exclusivamente pela Cross”.
Já a Secretaria de Saúde do Estado, responsável pela Cross, disse que Antonio “tinha quadro clínico grave, com evolução negativa, e não respondeu aos cuidados na origem”.
O estado disse que a central funciona 24h por dia como mediadora de pedidos dos serviços de origem e os de referência, “mas não é responsável por ‘liberar’ ou ‘criar’ vagas”.
Todo pedido de transferência, segundo o estado, “é priorizado conforme o grau de urgência e monitorado por profissionais da Cross, considerando locais com disponibilidade e capacidade para atender cada caso, priorizando os pacientes mais graves e urgentes e que possuam condição clínica adequada, como quadro estável e livre de infecções”.