sexta-feira, 24 janeiro 2025

Pela 1ª vez em 53 anos, Unicamp chama assembleia contra cortes

O Conselho Universitário da Unicamp – órgão máximo de deliberação da universidade – aprovou ontem a convocação da comunidade acadêmica para uma “assembleia universitária extraordinária” no dia 15 de outubro, das 12h às 14h, no Ciclo Básico do campus de Campinas. O objetivo, segundo divulgou ontem a Unicamp, é “votar uma moção e conscientizar a sociedade contra a série de ataques sofridos pelas universidades e institutos de pesquisa, caracterizados principalmente pelos cortes de bolsas e ameaças à autonomia universitária”. 

É a primeira vez em 53 anos de história que a Unicamp convoca uma assembleia universitária extraordinária. A última vez que houve um ato dessa proporção esperada agora foi em 1981, para protestar contra a intervenção do então governador Paulo Maluf no campus, no regime militar. A tentativa do governo estadual de intervir na universidade gerou uma onda de protestos que culminou com um grande encontro no Ciclo Básico. Pressionados, os interventores acabaram renunciando aos cargos. 

“Dessa vez a ideia é mostrar a força e a união de toda a comunidade acadêmica em torno de uma causa comum”, disse o reitor Marcelo Knobel, antes de submeter a proposta de assembleia extraordinária à votação dos conselheiros. 

“Precisamos reunir todas as entidades representativas da universidade para nos posicionarmos contra os ataques que estamos sofrendo e chamar a sociedade em defesa da ciência, da educação e da autonomia universitária no país”, completou. 

Desde o primeiro semestre, as principais agências federais de fomento e apoio à pós-graduação sofreram redução nos recursos ao financiamento de bolsas e demais auxílios à pesquisa. Atualmente, CNPq e Capes aportam cerca de R$ 12 milhões mensais em bolsas a 5 mil alunos de pós-graduação na Unicamp. 

Para João Raimundo Mendonça de Souza, o Kiko, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, o ato será um marco no atual contexto político. “Além de evidenciar nosso espírito de luta, a assembleia estará revestida de um forte simbolismo, no sentido de reafirmar uma pauta comum em defesa da universidade e contra os cortes”, afirmou. 

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