sábado, 4 maio 2024

RMC descarta lockdown e adota toque de recolher

Os prefeitos das cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) decidiram em reunião realizada ontem pela adoção de um toque de recolher mais rígido nos municípios das 20h às 5h, diariamente, já com início previsto para ontem.

A medida foi adotada em cenário de alta nos índices de evolução da pandemia. Existiu ao longo da semana uma proposta de “lockdown”, mas a medida drástica foi defendida, entre os prefeitos, apenas pelo prefeito em exercício de Hortolândia, José Nazareno Gomes, o Zezé (PL).

Conforme números da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), a região de Campinas bateu ontem mais um recorde de ocupação de leitos de UTI Unidade de Terapia Intensiva), com 93,9% dos leitos ocupados. Ou seja, a cada 100 leitos, apenas seis estão disponíveis. A região chegou ainda a 13,8 mortes e 469 novos casos de Covid para cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Os números são todos superiores aos do Estado.

O encontro entre os prefeitos foi realizado pela Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas), na Prefeitura de Campinas. As medidas adotadas agora por toda a região são as mesmas implantadas pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), na quinta-feira.

Com a medida, todas as atividades comerciais deverão ser interrompidas às 20h, incluindo supermercados, lojas de conveniência de postos de combustível, padarias e até serviços de drive-thru. Apenas farmácias poderão continuar abertas. O serviço de delivery poderá funcionar normalmente.

Haverá toque de recolher a partir das 20h, com abordagens de pessoas nas ruas, questionando os motivos de estarem fora de casa. Caso não estejam trabalhando ou se deslocando a estabelecimentos de saúde, as pessoas serão orientadas a retornar para casa imediatamente.

Além disso, haverá um endurecimento na fiscalização para combater festas clandestinas e aglomerações particulares. No caso de festas em casas de eventos ou chácaras, segundo a prefeitura, haverá multa de R$ 3,5 mil e os responsáveis serão levados à delegacia onde será elaborado TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) pelo desrespeito às regras sanitárias.

“LOCKDOWN”

Ao longo da semana, a crescente nos índices de ocupação de leitos em toda a região de Campinas acendeu o alerta das autoridades sobre a necessidade de adotar medidas mais duras de restrição de circulação. O próprio prefeito Dário as defendeu, dizendo que elas fossem adotadas regionalmente, mas ponderou que um “lockdown” teria reflexos no transporte de trabalhadores da saúde.

Ontem, porém, conforme informações da Agemcamp, os prefeitos descartaram adotar “lockdown”, ao menos até o fim da fase emergencial do Plano São Paulo, que vai até o dia 31 deste mês, e antecipar feriados, como fez a Capital.

Uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta, às 9h, de forma virtual, para avaliar o cenário.

Conforme apurou o TODODIA, apenas o prefeito em exercício de Hortolândia defendeu a adoção do “lockdown” urgentemente, citando o eminente colapso no sistema de saúde.

“Tomamos decisões importantes, principalmente em relação àqueles que insistem em fazer festas e aglomerações no período noturno. E foi por isso que aprovamos o toque de recolher. (…) Temos que ter prudência com relação ao lockdown, já que é preciso avaliar os efeitos que surtirão com a fase emergencial do Plano São Paulo. O mais importante de tudo é que os prefeitos da RMC estão unidos com um único objetivo: salvar vidas”, disse o prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB), presidente em exercício do Conselho de Desenvolvimento da RMC.

Hortolândia vê disparada de mortes

O prefeito em exercício de Hortolândia, José Nazareno Gomes, o Zezé Gomes (PTB), fez ontem uma live no perfil da prefeitura no Facebook para falar da pandemia. Zezé frisou a responsabilidade de todos no compromisso com a vida dos habitantes da cidade e prestou solidariedade a todas as vítimas.

“Agora o único remédio além da vacina é ficar em casa. Usa máscara, manter distanciamento e não se aglomerar. Peço que todos tenham paciência, vai passar”, afirmou.

Rodrigo Freire, secretário adjunto de Saúde, detalhou os números da cidade. Hortolândia já registrou 65 óbitos por coronavírus em março, quase alcançando os 69 óbitos registrados em janeiro e fevereiro. “Em 2020 todo tivemos 181 óbitos. Já temos mais da metade. É um aumento estratosférico do número de óbitos, mostra a velocidade em que a doença passa espalhando e como tem sido mais mortal”, disse.

O secretário reforçou. “Mostra que temos que reforçar as medidas de contenção para evitar a disseminação do vírus. Hoje temos cinco pacientes a mais do que os 55 leitos disponíveis. Vai faltar leito para alguma outra área. Ainda temos 26 pacientes na fila do Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), sendo que no Departamento Regional de Saúde de Campinas são 338 na fila”.

Ele fez um desabafo. “Os profissionais de saúde estão esgotados, fisicamente e psicologicamente. Não aguentam mais. E quando veem pessoas se aglomerando na rua, ficam ainda mais desanimados. É preciso ficar em casa e manter o distanciamento. A média de idade nossa dos últimos 20 óbitos aqui é de 56 anos. Dentre eles uma vítima tinha 28 anos, sem comorbidade”, alertou.

Zezé prometeu agilidade. “Estamos em três consórcios para compra de vacinas, assim que liberar vamos comprar para imunizar a todos e recuperar o crescimento da cidade”. E destacou no fim do vídeo. “Não faça festinha, a fiscalização estará nas ruas e vai agir”, garantiu.

Ministério vai repassar R$ 4,3 mi

O Ministério da Saúde irá repassar R$ 4,3 milhões para o custeio de 83 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em hospitais da RMC (Região Metropolitana de Campinas. A informação foi publicada na edição de ontem no Diário Oficial da União. Os leitos já estão em funcionamento, mas estavam sendo custeados pelo Estado e municípios.

O custeio, chamado de habilitação, é obrigação do Ministério da Saúde e havia sido suspenso em março, o que fez o governo do estado entrar com ação no STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou a habilitação dos leitos há duas semanas.

Em Campinas, são 14 leitos na Casa de Saúde e um custeio de R$ 672 mil e outros 40 no Complexo Hospitalar do Outro Verde a um valor de R$ R$ 1,9 milhão. A Prefeitura de Campinas informou que são leitos já existentes e que o município já aguardava a habilitação, uma vez que é a própria cidade que submete o pedido ao Ministério da Saúde.

De acordo com a Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas), as outras cidades da RMC beneficiadas são: Artur Nogueira (cinco leitos de UTI adulto para o Hospital Bom Samaritano e um custeio de R$ 240 mil e oito de UTI pediátrica, com repasse de R$ 384 mil), Jaguariúna (nove leitos para o Hospital Walter Ferrari a R$ 432 mil), Santa Bárbara d’Oeste (dez leitos para o Hospital Municipal e custeio de R$ 480 mil) e Sumaré (cinco leitos para o Hospital Estadual, a R$ 240 mil).

As despesas autorizadas correspondem ao primeiro trimestre de 2021.

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