Posicionamento do parlamentar em relação ao Dia da Consciência Negra, classificado por ele como “dia da hipocrisia”, motiva mais uma tentativa de afastá-lo do Legislativo; vereador diz ter usado liberdade de expressão
Na sessão do dia 23 de novembro do ano passado, Corá afirmou que a data seria “o dia da hipocrisia, do vitimismo e da divisão racial”. Na ocasião, o vereador ressaltou ainda que “preferiria se ater a lideranças como a Princesa Isabel, que liberou os escravos, do que a Zumbi dos Palmares, que perseguia os negros e os vendia aos europeus.”
Ao menos 19 entidades da sociedade civil apoiam a abertura de uma comissão processante para apreciar o caso. O documento conta com a assinatura de 30 pessoas e foi entregue ao presidente da Câmara, Joel Cardoso (PV) na sessão desta quarta.
No ano passado, dias depois das declarações de Corá, entidades e coletivos de Santa Bárbara protocolaram notas de repúdio contra o vereador, além de pedidos de posicionamento da Comissão de Ética e Decoro da Câmara contra as afirmações do vereador.
Um protesto no plenário da Câmara também foi realizado.
O pedido anterior de cassação de mandato de Corá, por quebra de decoro, foi arquivado, uma vez que não explicitava a situação. O documento entregue nesta quarta possui 52 páginas e reúne declarações do vereador, bem como fundamentação jurídica do pedido.
Em vista a Santa Bárbara d’Oeste no último dia 11, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) manifestou apoio ao vereador Felipe Corá em relação ao pedido anterior de cassação do mandato do parlamentar.
Durante a sessão, Corá se defendeu e afirmou que tentam impor a ele crime de opinião, que ele não teria cometido. “Há pouco a Câmara recebeu um pedido de cassação deste vereador e, segundo o grupo que aqui estava, eu cometo o crime de racismo. É triste chegar em um momento desse onde a democracia e liberdade de expressão não são respeitadas. Quero dizer a essas pessoas que meu embate com eles é no campo democrático e nas urnas. Eu tenho certeza que os nobres vereadores desta Casa não vão apoiar este movimento, que é antidemocrático”, disse.