sexta-feira, 26 abril 2024

Santa Bárbara tem aliado contra o Aedes aegypti

Um método simples e eficiente é utilizado desde 2014, em Santa Bárbara d’Oeste, para monitorar o mosquito da dengue. É a ovitrampa, usada há quase seis anos. Funciona como um simulador de criadouro do mosquito. A cidade foi pioneira e continua sendo a única de cinco municípios da Região a usar este tipo de monitoramento.

São 168 unidades espalhadas por todo o território. O raio é de 250 metros. Foram instaladas em residências, escolas e estabelecimentos comerciais com autorizações. A localização delas é reproduzida no computador.

Toda a semana as equipes recolhem as armadilhas para contar os ovos depositados pela fêmea do Aedes aegypti (presente em 90% das casas pesquisadas) ou Aedes Albopictus (que gosta mais de ambientes rurais, como Vale das Cigarras ou Cruzeiro do Sul, mas também presente na área urbana).

As palhetas são inspecionadas no laboratório entomológico do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). Pelo formato, dá até mesmo para saber de qual espécie é cada ovo. Isso ajuda a equipe a identificar os pontos mais críticos com mosquito e tentar descobrir e eliminar os criadouros. É bem mais rápido na identificação dos locais com maiores concentrações de mosquito do que o Índice de Breteau, realizado a cada três meses.

Quem explica tudo isso é o chefe da Divisão de Controle de Vetores, Luiz Eduardo Chimello de Oliveira. “A chance de ter transmissão mais alta é onde tem mais mosquito”, explicou o biólogo, que é mestre em Ecologia e PhD em Recursos Naturais. E também indica que tem pessoa doente naquela região.

A armadilha é feita com um pote plástico, com uma placa de Eucatex (onde são depositados os ovos) e com água tratada com larvicida (se o ovo eclodir, a larva morre).

GUIA

“A ideia é monitoramento. Saber se tem ou não tem mosquito”, contou Eduardo. A fêmea, depois de copular com o macho, deposita os ovos na palheta. A invenção funciona como uma espécie de guia para definir as áreas a ser trabalhadas. Para se ter uma noção da eficiência do método, no verão, 60% das armadilhas são positivas, ou seja, têm ovos. Durante seu ciclo de vida, de 30 dias, cada fêmea bota até 400 ovos.

A equipe contou 6.023 ovos retirados das placas na semana passada; 6.207 ovos, de três a sete de fevereiro, e 7.827, de 27 a 31 de janeiro. “É muito ovo”, disse o biólogo.

IMÓVEL FECHADO É BARREIRA

Se não bastasse a dificuldade em combater o mosquito da dengue, tão ambientado no meio urbano, os integrantes da equipe de combate ao mosquito ainda enfrentam barreiras para fiscalizar os quintais. É que, de cada 1.000 imóveis visitados por dia pelos 15 agentes municipais e 20 terceirizados da Sime Prag, 400 (40%) não podem ser vistpriados porque estão fechados. Em bairros como Vila Grego e Alfa, esse índice sobe para 60%. Isso porque os moradores trabalham fora e não estão em casa.

Há obstáculos decorrentes de imóveis fechados e outros por recusa dos moradores que não colaboram por medo de assaltos. São as chamadas pendências. “Isso prejudica muito o trabalho”, disse Eduardo.

O chefe do setor pediu a colaboração dos moradores. As orientações é para as pessoas verificarem se as equipes estão uniformizadas e com crachá. Se tiver dúvidas, pode ligar no telefone 3463-8099. Pode chamar a Guarda Civil, para conferir a identidade e dar segurança na vistoria dos quintais.

No verão, especialmente de dezembro a fevereiro, a infestação do mosquito é muito alta e a maioria dos criadouros está nas residências.

USO DOMÉSTICO É VETADO

As pessoas não devem tentar criar um simulador de criadouro semelhante a esses usados no monitoramento do mosquito em Santa Bárbara d’Oeste.

Segundo os pesquisadores, isso pode criar uma falsa impressão de que o objeto ajuda no controle do Aedes, mas, na verdade, estará criando o próprio mosquito. É que a equipe de combate à dengue adota uma série de técnicas para evitar que o apetrecho sirva como local de reprodução do mosquito. A população também deve tomar cuidado em reproduzir armadilhas semelhantes, que são ensinadas nas redes sociais.

A orientação é eliminar os criadouros. Quem quiser esclarecer suas dúvidas, pode contatar o setor.

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